O candidato Agnelo Queiroz (PT) levou para a sua chapa não apenas um antigo aliado do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), o peemedebista Tadeu Filippelli, como também a marca característica do rival: o azul. Os primeiros materiais produzidos para a campanha exibem um petista com a camisa e o fundo em tom pastel, da cor do céu. Reproduzida em bottons, CDs com o jingle, adesivos, cartazes e banners, a imagem desagradou petistas que reclamavam da ausência dos símbolos do partido. Nas próximos dias, no entanto, o vermelho vai voltar às bandeiras da campanha de Agnelo.
No corpo a corpo com o eleitorado e na gravação dos programas de televisão, o petista vai usar mais a cor e todo o material refletirá a volta ao passado petista. Até a logomarca do candidato deve mudar. Entre os estrategistas da campanha, houve muitas reclamações do amarelo desbotado, misturado com o verde, no número 13, que aparece em todas as peças de divulgação. O tom claro da bandeira do Brasil será substituído pelo vermelho forte que agrada a militância, principal aliada para ampliar os votos de Agnelo na disputa com Roriz.
O coordenador de Comunicação da campanha de Agnelo, Luís Costa Pinto, explica que o azul foi bastante usado apenas em um período de transição. Segundo ele, na primeira fase, era necessário integrar petistas e peemedebistas, antigos adversários na capital do país, em um projeto único personificado pela dobradinha de Agnelo e Filippelli. Por isso, era importante usar as cores características dos dois grupos ex-rivais. Muitos cartazes, cavaletes e santinhos ainda ostentam a imagem de Agnelo em azul, mas aos poucos esse material vai sumir das ruas.
A ideia do azul partiu da equipe de criação liderada pelo publicitário André Schaer (1), que licenciou-se da agência Propeg para se dedicar à campanha petista. Desde o início, no entanto, a proposta desagradou históricos filiados ao PT. ;O vermelho é a nossa cara. Temos de fortalecê-lo. Isso incentiva a militância;, acredita o ex-presidente do partido Chico Vigilante, que disputa uma cadeira na Câmara Legislativa. ;É importante usar a nossa cor porque simboliza nossos princípios e nossa diferença em relação a outros partidos;, acredita o deputado distrital Chico Leite (PT), que concorre à reeleição.
Para o distrital Paulo Tadeu (PT), que busca uma vaga de deputado federal, o fundamental é o conteúdo do programa da campanha. ;Agnelo mantém os princípios do nosso partido. Isso é o que importa;, afirma. O material de campanha do presidente regional do PT, Roberto Policarpo, que se candidatou a uma vaga de deputado federal, segue o padrão do escolhido pela equipe de Agnelo. ;Sempre houve essa disputa entre o vermelho e o azul (2) no Distrito Federal. Por isso, às vezes a militância estranha, mas na campanha presidencial, a Dilma (Rousseff) usa muitas cores, principalmente o verde e amarelo, e ninguém reclama;, analisa Policarpo.
Cor da coligação
O presidente do PT-DF explica que a mistura de cores na logomarca de Agnelo representa a coligação Novo Caminho, formada pelos partidos PT, PMDB, PSB, PDT, PCdoB, PRB e PRP. O azul claro aplicado na divulgação da candidatura simboliza, segundo o petista, o céu de Brasília. Mas não houve uma reivindicação de peemedebistas pelo tom que caracteriza muito mais as campanhas de Joaquim Roriz do que as do PMDB, legenda pela qual o ex-governador disputou e ganhou as últimas três eleições.
O vermelho está entre as cores que identificam o PMDB, junto com preto e branco. Entre os atuais integrantes do PMDB que optaram pela campanha de Agnelo, há na verdade uma preferência pelas cores originais das bandeiras da legenda. Entre rorizistas, o uso do azul é motivo de piadas. ;Não tem vermelho porque o PT não está representado na chapa;, afirmam assessores do ex-governador, numa referência ao fato de Agnelo Queiroz ter migrado do PCdoB para o PT há apenas dois anos.
Na campanha presidencial, também houve recentemente uma volta à marca registrada do PT. O vermelho predomina, embora o tom seja misturado com outras cores que simbolizam a bandeira do Brasil. Na campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, o marqueteiro João Santana optou por amenizar o uso do vermelho. Na época, havia uma intenção deliberada de afastar a imagem do partido, então abatida com os escândalos do mensalão.
1 - Marqueteiro
Diretor de Projetos Especiais da Propeg, André Schaer é especialista em marketing político. Fez campanhas para o grupo Odebrecht, diversos ministérios e governos estaduais. Foi diretor de Criação da campanha que elegeu Eduardo Campos (PSB) governador de Pernambuco em 2006. Também trabalhou em Angola na campanha do MPLA (Movimento Popular de Libertação da Angola), que em setembro de 2008 ganhou com 82% dos votos as eleições legislativas de Angola.
2 - Briga
Em todas as eleições do DF, o PT rivalizou com Joaquim Roriz. O acirramento da disputa criou um símbolo de embate entre as cores características dos rivais: o vermelho contra o azul. Militantes e cabos eleitorais dos dois lados acostumaram-se a defender suas cores, como torcedores de times de futebol em finais de campeonato.