Jornal Correio Braziliense

Cidades

Votação para o novo DCE da UnB prossegue até 18h de hoje

Para a eleição ser válida, é preciso que pelo menos 10% dos 32 mil estudantes votem

O clima de eleições contagiou a UnB. Paredes cheias de cartazes com propostas de ação, distribuição de panfletos e adesivos e muita movimentação próximo às urnas marcaram ontem o primeiro dia de votação para escolha do comando do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e das cadeiras de representação discente nos conselhos superiores da instituição. Hoje é o último dia para os alunos de graduação e pós-graduação manifestarem suas opções de voto, no período das 7h30 às 22h. Distribuídas nos quatro câmpus, 22 urnas recebem as cédulas.

A comissão eleitoral estima que, até as 18h de ontem, foram contabilizados cerca de 1,3 mil votos no Plano Piloto, 148 em Ceilândia, 111 no Gama e 100 em Planaltina. Segundo a organização, o processo ocorreu sem problemas. Como a votação não é obrigatória, é necessária a participação de pelo menos 10% dos cerca de 32 mil alunos da universidade para validação do pleito. Nas eleições de 2009, foram registrados 4.654 votantes. A expectativa é de que a quantidade seja mantida. ;Tivemos um semestre atípico, com greve e Copa do Mundo;, observa Natália Stanzioni, 24 anos, membro do comissão eleitoral. Ela adianta que hoje as chapas atuarão com campanha mais massiva.

Cinco chapas disputam os votos dos universitários. Elas participaram de debates entre si e realizaram campanha eleitoral entre 20 de julho e 9 de agosto. A maior mobilização foi das chapas 1 e 3. A primeira, denominada Amanhã vai ser maior, busca a reeleição. ;Somos voltados para medidas que contribuam para a melhoria da qualidade do ensino;, resume o candidato Henrique Rezende, 19 anos, estudante de economia. A chapa 3, Quem sabe faz a hora, esteve no comando do DCE em 2008 e foi uma das responsáveis pela queda do ex-reitor Timothy Mullholand.

Esta foi a estreia da estudante de ciências sociais Maria Lídia Dias, 18 anos, nas urnas da UnB. Ela fez questão de votar porque acredita que o resultado influenciará a vida de toda a comunidade acadêmica. ;Espero que as propostas apresentadas sejam cumpridas e que haja alguma mudança para o bem.; Para Vinícius Sato, 21, aluno de economia, no entanto, algumas propostas são irreais e ele teme que as boas ideias não se concretizem. ;Votei apenas para representação discente. Não votei para o DCE porque nenhuma das chapas representa a minha opinião como estudante.;

A divulgação do resultado ocorrerá amanhã, a partir das 10h. A posse será na sexta-feira. O número de vagas para representantes discentes nos conselhos superiores é calculado proporcionalmente ao percentual de votos válidos. Para o DCE, vence o mais votado. O professor Paulo César Marques acredita que 4 mil votantes é um número expressivo para uma eleição não obrigatória. ;Muitas vezes, alguns têm atitudes de não participar. Mas a universidade é lugar de formação política também e não deve ser desperdiçada.;



Fique por dentro
Conheça as principais propostas de cada chapa

Chapa 1 ; Amanhã vai ser maior (juventude do PT, do PDT e independentes)
; Fortalecimento dos programas de pesquisa, com publicação de revistas, aumento do auxílio para viagens de alunos a eventos científicos, divulgação das pesquisas da pós-graduação;
; Ampliação e diversificação dos programas de intercâmbio;
; Aumento da assistência estudantil;
; Melhoria dos processos de avaliação e monitoramento dos professores;
; Representação efetiva e participativa no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe);
; Reforço na segurança do câmpus;
; Realização de seminários, palestras, semanas e outros eventos acadêmicos no período noturno;
; Apoio às empresas juniores.

Chapa 2 ; Unidade Estudantil Classista
; Fim do Enem, do vestibular e do Prouni, com universalização do ensino superior e gratuidade para todos os cursos;
; Reorganização do movimento estudantil, com rompimento com a União Nacional dos Estudantes;
; Efetivação e ampliação da assistência estudantil universitária, com a construção de biblioteca, moradia e restaurante universitário nos câmpus de Ceilândia, Gama e Planaltina;
; Política de extensão universitária não assistencialista, vinculada a movimentos populares do campo e da cidade;
; Defesa do passe livre estudantil sem restrições;
; Composição imediata de conselhos paritários entre estudantes, funcionários e estudantes (um terço de cada);
; Abaixo a militarização do câmpus ; Fora, PM;
; Não às fundações privadas.

Chapa 3 ; Quem sabe faz a hora (juventude do PSol, PSTU e independentes)
; Resgate da independência política do DCE e do movimento estudantil, com instalação da sede do DCE em todos os câmpus;
; Mais verbas para a UnB, sem as metas do Reuni para melhorar a infraestrutura de salas, criar espaço físico para todos os centros acadêmicos, mais pesquisa e extensão;
; Reforma do restaurante universitário e construção de unidades em todos os câmpus;
; Plano de segurança e iluminação imediata de todo o câmpus;
; Realização imediata do Congresso Estatuinte Paritário;
; Passe livre estudantil sem restrições;
; Combate às opressões, com ouvidoria, centro de referência LGBT, creche, acessibilidade;
; Reafirmação das cotas raciais e implementação das cotas sociais para egressos de escolas públicas.

Chapa 4 ; Aliança da Juventude
Revolucionária ; Reconstruir o DCE pela base (juventude do PCO e independentes)
; Fim do vestibular, com livre acesso ao ensino superior;
; Estatização do ensino privado e investimento do governo exclusivamente no ensino superior público;
; Fim do jubilamento, com atenção especial a alunos que não conseguem cumprir a quantidade mínina de créditos ou reprovam em disciplina por mais de uma vez;
; Autonomia da universidade perante o governo;
; Defesa da maioria estudantil, com representação proporcional ao número de alunos (cerca de 30 mil), assim como os professores (cerca de 2 mil) e funcionários (cerca de 3 mil). Peso de voto sem diferença entre professor e estudantes;
; Discutir a legalização do aborto;
; Defesa do sistema de cotas raciais;
; Não à presença da Polícia Militar no câmpus. A comunidade universitária deve realizar a segurança.

Chapa 5 ; Aliança pela liberdade (apartidária, concorre apenas à representação discente nos conselhos)
; Mudança da realidade da universidade por meio da presença nos conselhos, seguindo os rumos das políticas fundamentais;
; Preocupação com questões do dia a dia dos estudantes, como banheiros em boas condições, salas não inundadas, professores em sala;
; Levar a questão da segurança para a pauta, defendendo a presença da Polícia Militar no câmpus a fim de prevenir novos casos de estupro e arrombamento de veículos;
; Cobrar da reitoria algumas inovações tecnológicas, como implantação de internet sem fio;
; Abertura de licitação para novas lojas, lanchonetes e farmácias;
; Estender a rede de contatos para interessados nos diversos câmpus;
; Revisão completa no sistema de cotas, com o fim do tribunal racial e da banca examinadora que define quem é negro e quem não é, além de debate aprofundado para discutir métodos mais eficientes de inclusão da população mais pobre na universidade;
; Suporte à existência das fundações de apoio à pesquisa na UnB, cujo objetivo é captar recursos da iniciativa privada para financiar a pesquisa universitária.