A decisão do TRE-DF mexe com o cenário político do Distrito Federal, provoca instabilidade na campanha e tem poder para abalar as coligações firmadas até agora. Essa é a avaliação de lideranças dos principais partidos que vão participar das eleições de outubro. Até mesmo aliados de Roriz admitem que a situação gera instabilidade política. Ainda cabe recurso contra a decisão da Justiça Eleitoral, que afeta a chapa formada por Joaquim Roriz (PSC) e Jofran Frejat (PR). Mas o julgamento de ontem pode deixar a disputa embaralhada até que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dê a palavra final sobre o caso.
O deputado federal Tadeu Filippelli (PMDB), vice na chapa de Agnelo Queiroz (PT), comentou a decisão. ;Imagino que a campanha dele (Roriz) sofrerá um impacto negativo. Mas nosso trabalho não passa pela estratégia de impugnação dele. O que buscamos é o embate eleitoral;, resumiu. Filippelli, que preside o diretório regional do PMDB, acredita que parte do eleitorado do ex-governador pode migrar. ;Recebi manifestações com simpatia ao nosso projeto influenciadas pela decisão do TRE;, citou.
Para o presidente do PT-DF, Roberto Policarpo, o veto ;vai mexer no tabuleiro político; da cidade. Para ele, mesmo que haja recurso, a decisão do TRE representa um esvaziamento da campanha. ;O Roriz é um candidato muito forte. Essa impugnação terá uma influência grande na campanha. Mesmo que haja possibilidade de substituição da chapa, está comprovado que ele não consegue fazer essa transferência de votos;, avalia. ;A tendência agora é que a campanha do Agnelo cresça muito.;
Na opinião do presidente regional do PSDB, Márcio Machado, a decisão do TRE-DF (1);gera instabilidade e poderá prejudicar um pouco a campanha de Roriz;. O partido integra a base de apoio ao ex-governador. Por outro lado, Machado avalia que a conclusão da Justiça Eleitoral pode provocar um grande entusiasmo na militância. ;Os eleitores podem enxergar nisso tudo uma decisão política para prejudicar a candidatura do Roriz. Pode surgir um sentimento contra a penalização rigorosa de um fato que ocorreu há muito tempo e que está sendo julgado politicamente;, pondera. Para ele, é preciso tempo para fazer uma avaliação mais profunda dos estragos. Inclusive no financiamento da campanha. ;Quem pretendia investir, pode ter uma cautela maior;, acredita.
Campanha
A decisão do TRE não muda a disposição de Roriz em seguir com a campanha até o fim. É o que garante o presidente do PR-DF, Izalci Lucas. ;É evidente que se a decisão fosse favorável, seria mais tranquilo. Mas os advogados do governador garantiram que a lei não pode retroagir. E a esperança da nossa militância e dos candidatos da coligação é aguardar o julgamento do Supremo;, disse.
O veto do TRE veio no dia em que Roriz completou 74 anos. Na noite de ontem, o ex-governador participou de uma missa em Santo Antônio do Descoberto (GO). Após a cerimônia religiosa, ele garantiu que recorrerá da decisão ;até o fim;. ;Essa história é um replay pra mim. Esse filme eu vi há alguns anos, quando tentaram barrar a minha candidatura. Mas eu vou recorrer até onde puder;, disse. A missa durou pouco mais de uma hora. Em seguida, o candidato do PSC ao Buriti participou da inauguração do comitê de apoio ao postulante a uma vaga de deputado estadual por Goiás Cristovão Tormim (PTB-GO).
Candidato a vice na chapa de Roriz, Jofran Frejat (PR) comentou o resultado da votação no TRE. ;Estamos confiantes no TSE. Só a Justiça pode ditar o que é constitucional e não é. Se necessário, vamos ao STF;, disse. Maria de Lourdes Abadia, que concorre ao Senado, acrescentou: ;Tenho medo que a Justiça confunda a parte jurídica com a política no caso de Roriz;. O presidente regional do DEM, Adelmir Santana, acredita que a decisão não vai atrapalhar a campanha. ;O (ex) governador sempre disse que não tem plano B;, ressaltou.
1 - Composição
O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal é composto por sete integrantes. Dois juízes são eleitos pelo Tribunal de Justiça do DF, por voto secreto, entre todos os desembargadores. Outros dois representantes do TRE são escolhidos entre os juízes mais antigos do TJDFT. O quinto integrante é escolhido pelo Tribunal Regional Federal, entre seus desembargadores, e os dois últimos são escolhidos a partir de lista tríplice elaborada pelo TJ e formada por advogados de notável saber jurídico.