Exames de corpo de delito do Instituto Médico Legal (IML) devem levar a polícia a entender o que levou o bebê João Pedro a sofrer uma parada respiratória após o parto, realizado em 19 de julho no Hospital Regional da Ceilândia (HRC). O procedimento foi executado por duas enfermeiras e duas estagiárias de medicina da unidade de saúde e, desde o dia do nascimento, a criança está em coma. Dentre as complicações, o pequeno nasceu com o cordão umbilical enrolado ao pescoço. O delegado titular da 15; Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), Onofre de Moraes, aguarda o laudo do instituto para decidir sobre o indiciamento dos envolvidos. Na tarde de ontem, ele também colheu o depoimento de um terceiro médico do hospital, apontado por um colega como o responsável pelo parto de Izabel Cristina da Silva, 33 anos, que teria acontecido após a troca de plantão.
[FOTO1]Depois de ouvir as testemunhas e o com documento em mãos, o delegado decidirá o próximo passo. ;Nós definiremos se vamos indiciar um médico, se vamos indiciar os dois, ou se vamos deixar com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O exame também dirá se as lesões foram culposas ou dolosas. No caso da omissão ser dolosa, o médico responsabilizado poderá responder por tentativa de homicídio;, disse.
O profissional ouvido ontem, segundo Onofre, se isentou de qualquer responsabilidade. ;Ele disse que não examinou a paciente;, relatou. O depoimento entra em contradição com os prestados por uma das enfermeiras, que garante ter visto um terceiro médico examinar a paciente e se ausentar para buscar um equipamento. Ele, no entanto, não teria voltado para realizar o procedimento. O outro médico ; que atendeu a mãe de João Pedro, Izabel Cristina da Silva, antes do plantão ; afirmou ter passado o caso da paciente para o colega. Por fim, uma estagiária disse que relatou o caso de Izabel para o plantonista. O cirurgião disse que o depoimento dela foi muito confuso.
;Nós temos essas divergências, tanto da técnica de enfermagem quanto das estagiárias. São divergências que uma acareação acaba não definindo. Por isso é importante aguardar o laudo. Mais de uma pessoa pode ser indiciada, ou nenhuma, dependendo dos resultados da perícia;, destacou Onofre. Um total de 13 pessoas já foram ouvidas.
Segundo a assessoria de imprensa do HRC, João Pedro (1) respira espontaneamente, continua em coma na Unidade de Terapia Intensiva e ainda não há previsão de alta . Ele chegou a respirar sem os aparelhos por um dia, mas precisou retornar aos cuidados especiais. O Correio conversou com Izabel Cristina, que negou ter sido examinada pelo médico ouvido ontem na 15; DP. No último sábado, pela primeira vez, ela teve o bebê nos braços. ;Eu peguei ele com os aparelhos. Foi uma coisa rápida, mas a sensação foi inexplicável. Fiquei pensando no momento em que poderei segurá-lo direito;, contou emocionada.
1 - Parto difícil
João Pedro nasceu às 7h10 de 19 de julho. O bebê veio ao mundo com 3,450 quilos e 51 centímetros. Segundo nota divulgada pela Secretaria de Saúde, ele teria nascido ;deprimido; e com quadro de falta de oxigenação. A família acusa o hospital de negligência médica.