A tarde desta quarta-feira (21/7) foi movimentada no conjunto C da quadra 12, na Estrutural. Fiscais da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis), chegaram com proteção policial ao local para uma operação administrativa e derrubada de três barracos que estavam em um local onde seria construída uma via pública. Sem sucesso. Dois deles tiveram a energia cortada e os móveis retirados, mas nenhum chegou a ser demolido.
A dona de um dos barracos, Francisca Lira de Carvalho, 35 anos, mora com seis filhos há 12 anos na residência construída em madeirite e teve o apoio de seus vizinhos. Por apresentar documentação, nada aconteceu à sua casa.
"Ela mora aí há muito tempo e paga IPTU, luz e conta de água", disse Ivanilde Pereira dos Santos, 38 anos, amiga de Francisca. Outros populares gritavam contra a derrubada do barraco, enquanto policias militares cercaram a frente da rua para que as pessoas não chegassem perto.
O advogado Gilson dos Santos tentou impedir a retirada da família do barraco. "Eles não têm autoridade para fazer essa remoção se não apresentarem o mandado de desocupação", diz.
Coracyr Coelho, 28 anos, funcionário do Fórum de Monitoramento Social da Estrutural afirmou que a moradora tem o direito de continuar no local. "O termo de adesão permite que ela continue na residência, além do outro documento que garante a remoção dela para as casas que estão sendo construídas também na Estrutural", explica. Entretanto, segundo Coracyr, as casas estão embargadas, pois foram construídas em uma área de risco.
Alívio
Mais tarde, o administrador da Estrutural, Maurizon Alves, disse que o barraco não seria removido do local. "Eles tinham uma ordem de serviço, mas essa senhora mora há muito tempo aqui, tem a documentção e agora a Agefis vai aguardar um recurso dela", explica.
No meio de toda essa confusão, Francisca de Carvalho disse que recebeu uma carta da Agefis há dois meses dizendo que ela teria que sair do local. "Mas eu não saí, eu não tenho pra onde ir", disse.
Francisca também contou que foi muito mal atendida ao procurar a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (codhab), e teriam dito para ela "se virar e pagar um aluguel". No fim, ela disse estar aliviada e grata com toda a ação de seus vizinhos.