A AB Produções, uma das empresas no centro dos escândalos políticos revelados pela Caixa de Pandora, está na ativa. Foi contratada pelo PMDB para fazer os programas de rádio e televisão dos candidatos a deputados federais e distritais lançados pelo partido. A produtora pertence a Abdon Bucar, investigado no inquérito n; 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suposta participação no esquema de corrupção desmascarado durante operação comandada pelo Ministério Público e a Polícia Federal em novembro do ano passado. Abdon é suspeito de ter facilitado, por meio de sua produtora, lavagem de dinheiro para abastecer caixa 2 de campanha.
A produtora de Abdon fez a campanha vitoriosa de José Roberto Arruda em 2006. E entre 2007 e 2009 recebeu R$ 14,4 milhões em contratos com o GDF. O empresário foi gravado pelo ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa. Há um vídeo em que o dono da AB Produções cita um pagamento de R$ 750 mil referente a um serviço prestado ao PFL (hoje DEM) e um depósito, sem explicações, no valor de R$ 1 milhão em sua conta. Para justificar a origem do dinheiro, Abdon fala em ;esquentar; nota fiscal.
O relato de Abdon é usado pelo Ministério Público como subsídio para apurar suposta rotina do uso de notas frias com o objetivo de legalizar dinheiro não declarado à Justiça Eleitoral. A parceria durante a campanha rendeu frutos no governo Arruda. Tão logo o ex-governador chegou ao poder, a AB Produções começou a trabalhar para o GDF. Em 2007, a produtora recebeu R$ 3,5 milhões, por meio da terceirização de serviço de empresas de publicidade contratadas pelo governo local. Os valores estão registrados em ordens bancárias.
O suposto envolvimento com a Caixa de Pandora, no entanto, não impediu que a AB Produções voltasse com fôlego na campanha de 2010. A empresa produzirá a propaganda eleitoral de candidatos proporcionais do PMDB e também negocia a prestação de serviços com outros partidos da coligação majoritária liderada pelo PT. De acordo com Abdon Bucar, a AB Produções deve trabalhar em torno da eleição de 435 candidatos, o que lhe renderá algo em torno de R$ 2 milhões.
Acordo
Antes de chegar a um acordo com o PMDB de Tadeu Filippelli, o empresário foi sondado pela equipe de Joaquim Roriz. Mas, segundo Abdon, ele resolveu não fechar com o grupo do ex-governador que, segundo disse, lhe ofereceu R$ 3 milhões. ;Conversamos em torno de planilhas, mas fiz a opção de trabalhar mais nos bastidores, fora do foco de uma majoritária. Tive muitas dificuldades em função dessa história toda da Caixa de Pandora e cheguei a quase fechar as portas;, afirmou Abdon, que já trabalhou com Roriz em outras eleições.
O presidente do PMDB no DF e vice na coligação encabeçada por Agnelo Queiroz (PT), Tadeu Filippelli, afirmou que sempre fez campanha com Abdon. ;Trabalhamos juntos em outros momentos e fui atendido em minhas expectativas. Eles são profissionais e esse foi o critério usado para a contratação da produtora;, afirmou Abdon. O assessor de imprensa de Joaquim Roriz, Paulo Fona, afirmou que, se houve sondagem da AB Produções para atuar na campanha de Roriz, o convite não foi oficial.