Pequenos empreendedores que necessitam de orientação podem contar, de graça, com uma comodidade que grandes executivos pagam para ter. Eles têm direito a receber consultoria personalizada, sem terem que se deslocar do ambiente de trabalho ou da própria casa, graças ao programa Negócio a Negócio, criado no fim do ano passado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). De outubro a junho, a instituição prestou assessoria a cerca de 5 mil empreendedores no Distrito Federal. Até o fim do ano, a expectativa é visitar outros 4 mil. Desta forma, 9 mil microempresas e empreendedores individuais, o equivalente a 10% do total de 91,6 mil, serão beneficiados.
;Estamos consolidando o programa. É uma forma de atendimento customizada, já que cada caso é um caso;, diz Carlos Alberto Santos, diretor-técnico do Sebrae. De acordo com ele, o projeto, que atende pessoas jurídicas em todo o país, é uma forma de chegar aos proprietários de pequenos negócios que não tomam a iniciativa de procurar assistência especializada. ;Vamos continuar atendendo bem quem nos busca, mas não vamos mais ficar esperando aqueles que, por algum motivo, não conseguem chegar até o Sebrae. Há empreendedores que simplesmente não podem se afastar dos seus negócios para buscar a orientação que precisam;, afirmou.
Entre hoje e amanhã, gestores e agentes do Sebrae realizam um encontro em Brasília para avaliar os primeiros resultados do projeto, levantar dificuldades, aperfeiçoar técnicas e discutir as novas metas. No Brasil, o Negócio a Negócio atendeu mais de 90 mil pessoas jurídicas em nove meses. Até o fim de 2010, pretende ampliar o número para 829 mil microempresas e empreendedores individuais visitados, atingindo 14% do universo de 5,8 milhões empreendedores que se enquadram nesse perfil.
Em cada unidade da Federação, agentes do Sebrae agendam visitas junto a microempresas e empreendedores individuais que constam em seus cadastros. Cada estado tem liberdade para estabelecer critérios e priorizar quem será visitado primeiro. Em Brasília e região, feiras livres e permanentes e associações comerciais das regiões administrativas estão sendo contactadas para o agendamento das consultorias. Um cadastro de empreendedores individuais formalizados mantido pela regional do Sebrae também está sendo utilizado.
De acordo com Ary Ferreira Júnior, gerente da unidade de orientação empresarial do Sebrae-DF, o empreendedor que tiver interesse em receber orientação pode solicitá-la por telefone. ;Se ele se enquadrar no perfil que estamos atendendo neste primeiro momento, que é de microempresas e empreendedores individuais, vamos agendar a visita;, garante. O número para contato é 0800-5700800. A partir de 2011, o Sebrae poderá ampliar o projeto Negócio a Negócio e estender a assessoria a pequenas empresas.
Mão na roda
A ajuda de um consultor do Sebrae-DF será essencial para que o empresário Jean Carlos Barreto Linhares, 37 anos, dê o próximo passo no negócio de produção de doces artesanais que ele mantém com a esposa, Lígia Cristina de Oliveira Silva, 35. Os dois fazem bombons e bolos, e servem fondue em eventos. Desde que Jean Carlos se formalizou como empreendedor individual e fez cursos no Sebrae, há oito meses, a atividade se expandiu. ;Aprendi técnicas de marketing e planejamento;, contou ele, que fatura de R$ 3 mil a R$ 5 mil mensais. Há alguns dias, Jean Carlos foi procurado via telefone por um agente do Sebrae querendo agendar um encontro. O telefonema veio na hora certa. ;Quero fornecer produtos no atacado e preciso de ajuda para organizar uma planilha de custos;, explicou.
O prestador de serviços Nei Gonzaga recebeu a visita de um consultor e já adotou algumas das dicas dadas por ele. Trocou a camisa polo e a calça jeans que usava nos atendimentos a clientes por um jaleco com a logomarca de seu negócio, batizado de Marido de Aluguel, e está criando uma página na internet. Nei tem direito a mais duas visitas do Sebrae ; o programa Negócio a Negócio prevê três consultorias por pessoa jurídica. ;Troco lâmpada, instalo persiana, conserto encanamento, faço serviço de chaveiro. Ofereço de tudo um pouco;, afirmou.
As regras do jogo
O Sebrae está classificando como microempresas para fins de atendimento do programa Negócio a Negócio os estabelecimentos com até quatro profissionais trabalhando. Já o empreendedor individual é a pessoa que atua por conta própria e se legaliza como pequeno empresário. Para ser um empreendendor individual, é necessário faturar, no máximo, até R$ 36 mil por ano; não ter participação em outra empresa como sócio ou titular e ter um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria. A atividade é regulamentada pela Lei n; 128/2008. A classificação de microempresas adotada pelo Sebrae para o programa Negócio a Negócio difere da prevista na Lei n; 123/2006, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. A legislação utiliza ganhos financeiros como critério em vez de número de funcionários, determinando que negócios em nível micro são aqueles que geram faturamento de até R$ 240 mil e pequenas empresas são as que proporcionam rendimento acima desse valor e limitado até R$ 2,4 milhões. (MB)