Jornal Correio Braziliense

Cidades

Candidatos aos cursos da UnB mostram preocupação com a redação

Gabarito sai na quarta-feira, e o resultado final, em 25 de agosto

Complicações no trânsito, falta de documentos, erro no local da prova. As justificativas para não fazer o vestibular de inverno da Universidade de Brasília (UnB) foram inúmeras. Dados do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe) comprovam que, em 2010, os estudantes ficaram um pouco mais displicentes. A soma total de abstenções do fim de semana chega a 14,20%, o que equivale a 3,9 mil candidatos entre os 21.791 inscritos que iriam até sete cidades do Distrito Federal, quatro de Goiás e uma de Minas, testar seus conhecimentos para ingressar na universidade. O número é 2,4% maior que o mesmo período de 2009 quando 9,8% dos inscritos deixaram de fazer as provas.

Quem conseguiu passar pelos portões, ontem, respondeu a 150 questões de biologia, física, química e matemática, para concorrer às 3.958 vagas em 92 cursos. Consideradas o terror de muitos estudantes, essas matérias ficaram quase como coadjuvantes para os que iriam fazer a prova. A preocupação mesmo acerca da nota final era com a prova de redação realizada no sábado. Neste vestibular, a nota de corte aumentou de três para quatro pontos e o tema O cotidiano, considerado a dualidade vida-morte, pode ser um espaço de criação ou de cópia assustou os participantes. ;Foi tudo muito abstrato. Acho que faltou um pouco de explicação sobre o que eles queriam;, disse Daniela Larizzatti, 19 anos, candidata à vaga para o curso de relações internacionais e moradora do Rio de Janeiro.

Já a futura bióloga Patrícia Sardote, 18, até mudou o jeito de fazer o exame por causa da redação. ;Estava muito difícil. Sempre escrevo os textos primeiro para ganhar tempo, mas desta vez deixei por último para pensar melhor;, conta. Ela foi a primeira aluna a chegar ao pavilhão João Calmon, onde estavam sendo aplicadas as provas do câmpus Darcy Ribeiro (UnB). Às 11h20, ela já estava lá para revisar a matéria de ciências exatas e garantir uma boa nota final. ;Dá para ver umas fórmulas e fico tranquila quando chego mais cedo;, enfatizou.

A estudante tem um pequeno deficit de atenção e fez a prova na UnB com outros 35 alunos que pediram atendimento especial. Com laudos médicos e uma carta explicando seu problema, Patrícia conseguiu uma hora a mais para desenvolver as questões. ;Com mais tempo para fazer as questões consigo me concentrar melhor;, contou.

Correria
Quem não tomou o mesmo cuidado com o horário sofreu para encontrar vagas e teve que correr para o portão de entrada. Teve também quem acordou cedo, separou todo material necessário para o exame e, mesmo assim, ficou de fora. ;Moro em São Sebastião e cheguei aqui (UniCeub) às 12h. Só na hora de entrar percebi que minha identidade estava em casa, liguei para meu pai e ele veio trazer, mas não chegou a tempo;, lamentou Jhonata da Silva Fonseca, 17 anos. Ele ainda cursa o 3; ano do Ensino Médio, mas faria a segunda etapa para o curso de farmácia, com esperanças de passar. ;Fui bem na prova de sábado, mas agora só no fim do ano;, disse o rapaz, que concluiria seu primeiro vestibular.

Depois de cinco horas de prova, a ansiedade agora tomará conta dos possíveis aprovados por, no mínimo, três dias. O gabarito preliminar (quando ainda se pode recorrer) será divulgado na próxima quarta-feira, no site www.cespe.unb.br/vestibular e o resultado final, apenas em 25 de agosto. Os 963 candidatos treineiros ; que fizeram a prova apenas para testar seus conhecimentos; inscritos poderão conferir o espelho individual de desempenho, com score bruto, no período de 30 de agosto a 30 de setembro.

Na porta do UniCeub, onde 6.961 candidatos esperavam para fazer o teste, foi distribuído um panfleto de um curso pré-vestibular com o gabarito comentando a prova de sábado. Eles imprimiram as respostas e os comentários dos professores e foram até o local para dar um suporte aos vestibulandos. ;Com esse material, eles podem conferir o gabarito e ver qual questão cabe recurso. É possível até utilizar as respostas como embasamento para o processo;, disse o proprietário do curso Dínatos, Clementino Neto.