José Lopes dos Santos foi à igreja na sexta à noite, dormiu cedo e acordou hoje ainda de madrugada. Antes das 6 horas, o cobrador de ônibus já estava na parada esperando a condução para o trabalho, em Águas Lindas de Goiás. O que aconteceu dali em diante, além do que estava evidente, é um mistério: deitado de bruços, com as duas mãos na cabeça, o cobrador de 39 anos foi encontrado pela Polícia Militar (PM) de Goiás com três tiros na nuca.
Os bolsos estavam revirados, mas a carteira, os documentos e 18 reais permaneceram na calça de José Lopes. Não há nenhuma certeza sobre o que motivou a execução do cobrador.
;Pela crueldade, fica claro que foi uma execução, e nada mais;, afirma o delegado plantonista de Águas Lindas Felipe Socha, que assumiu a investigação do assassinato. Nenhuma testemunha foi localizada. Ninguém viu, ninguém sabe o que de fato aconteceu.
Familiares relataram que José Lopes era trabalhador, não tinha nenhum envolvimento criminoso, não alimentava rixas ou inimigos. A consulta ao sistema da polícia revelou apenas uma queixa de José Lopes quando foi roubado dentro do ônibus onde trabalhava, no trecho entre Águas Lindas e Brasília. ;A gente achou que poderia ser retaliação de alguém que ele denunciou, mas essa hipótese já foi descartada;, diz Felipe Socha.
Evangélico, pai de sete filhos ; a mais nova tem apenas dois anos de idade ;, José Lopes era cobrador de ônibus desde 2004. Trabalhava na Viação Santo Antônio e, como fazia sempre, esperava o ônibus para chegar à garagem da empresa na parada da quadra 50, do Camping Clube.
;Ele não tinha problemas com ninguém. Só saia de casa para o trabalho e para a igreja;, conta a mulher de José Lopes, Rosely Lina de Souza, 27. Segundo Rosely, o marido já havia sido assaltado por seis vezes. No sistema da polícia, só aparece um único roubo.
A primeira impressão dos policiais, assim que chegaram ao local do crime, foi de latrocínio: os bolsos estavam revirados. A chegada da perícia, porém, fez essa tese perder força. Nos bolsos da frente, foram encontrados os 18 reais e a carteira do cobrador.
;Pode ser que o ladrão chegou, mandou ele deitar e não encontrou nada de valor, o que motivou a execução. Ou então pode ser os bolsos tenham sido revirados após o assassinato;, cogita o delegado responsável pelas investigações. Nenhuma hipótese é descartada, e as investigações se concentram na motivação da execução.