Os cerca de cem índios que estavam acampados na Esplanada dos Ministérios há mais de seis meses tiveram as barracas retiradas na manhã deste sábado (10/7). Segundo os manifestantes a polícia teria chegado gritando "acorda, bando de vagabundo".
A operação de retirada começou por volta das 5h, com a participação de cerca de mil policiais militares e soldados do Batalhão de Operações Especiais (Bope). De acordo com os índios, eles chegaram ao local jogando spray de pimenta em qualquer pessoa que contrariasse a ordem de sair do gramado, e não pouparam nem mesmo crianças. Todas as barracas foram destruídas.
Os policiais não teriam apresentado aos índios uma ordem de despejo. De acordo com a assessoria do Minsitério da Justiça, o pedido de retirada teria saído da União. Em nota, a Funai afirmou que a 6; Vara Federal da Seção Judiciária do DF havia decidido pela retirada dos indígenas, mas a decisão da juíza federal substituta da 6; Vara Maria Cecília Rocha havia sido revogada por ela mesma. A magistrada ainda garantiu o direito ao grupo de permancer temporariamente na Esplanada sem o monitoramento da polícia.
Quatro pessoas precisaram ser hospitalizadas. Duas crianças, uma de 2 e outra de 6 anos, foram levadas ao Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Uma jovem de 18 anos teve uma crise nervosa e foi encaminhada ao Hospital Regional da Asa Norte (HRAM), junto a uma mulher de 27 anos que dizia estar grávida e com dores na barriga. A mulher alegou ter perdido o bebê, no entanto, os médicos negaram que a mulher estivesse grávida.
Outros quatro foram presos, entre eles dois índios, um homem que seria assessor dos indígenas, e um estrangeiro, que foi encaminhado à Polícia Federal.
Por volta das 9h10, os indígenas faziam uma "dança do luto" em frente ao Congresso Nacional.
Reivindicação
O acampamento, que começou em janeiro, é uma manifestação para pedir revogação do Decreto Presidencial 7.056/09, que extingue 40 administrações regionais e 337 polos indígenas, além de substituir antigos servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai). Ao todo, 15 administrações serão fechadas ou reestruturadas em diversos estados do país. Os índios pedem ainda a destituição do cargo do presidente da Funai, Márcio Meira.