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Brasília é o segundo lugar do país onde as mulheres mais consomem álcool

As mulheres do Distrito Federal são as segundas no ranking das que mais consomem bebida alcoólica no país. É o que apontou uma pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2009, do Ministério da Saúde. O levantamento foi feito nas 27 unidades da Federação e divulgado no mês passado. Entre as entrevistadas brasilienses, 16,5% afirmaram ter ingerido quatro ou mais latas de cerveja ou quatro doses de bebidas destiladas em uma só ocasião, nos últimos 30 dias. Essa quantidade é considerada abusiva pelo ministério. As brasilienses ficam atrás apenas das mulheres de Salvador (BA), onde 17,1% admitiram ter o hábito de beber além da conta indicada. O terceiro lugar ficou com Vitória (ES), com 14,8%.

Os números, porém, não são sobre alcoolismo (veja Palavra de especialista) e apenas tentam refletir os hábitos da população. Somente maiores de 18 anos foram entrevistados. Basta olhar para as mesas de bar em Brasília para confirmar as estatísticas. A servidora pública Eliane Gaspar, 43 anos, moradora da Asa Sul, vai a bares pelo menos três vezes por semana. Costumar beber, em média, duas garrafas de cerveja quando sai. Ela não considera a quantidade um abuso.

;Eu bebo bem, tomo uns oito copos. Ir ao bar é legal para encontrar os amigos, conhecer gente nova, relaxar e se divertir. Não tem nada demais;, afirmou. A amiga de Eliane e também servidora pública Gabriela Novaes, 38, não gosta tanto assim de beber, mas acaba tomando um ou dois copos de cerveja quando vai ao bar. ;Não tenho costume, mas bebo só para acompanhar os amigos. Por iniciativa própria, eu nem beberia;, disse Gabriela. As duas são saudáveis.

Uma má notícia para as mulheres que gostam de beber: a saúde delas é menos resistente ao álcool que a dos homens. ;Tanto a mulher quanto o idoso têm uma possibilidade de lesão de órgãos mais alta. Isso acontece por uma questão de peso e da distribuição de água no corpo. A mulher tem uma enzima que ajuda a degradar o álcool em menor quantidade. A capacidade feminina de metabolizar o álcool pode ser 50% menor que a do homem;, explicou o médico gastroenterologista do programa de alcoolismo do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Ricardo Jacaranda. Segundo ele, para desenvolver uma cirrose, o homem precisa consumir de 60g a 80g por dia de bebida todos os dias durante 10 anos. Com apenas a metade dessa quantidade, a mulher já tem mais tendência a ficar doente.

Os maiores índices de ingestão dessa substância entre homens foram observados em Teresina (38,1%), Boa Vista (36,4%) e Macapá (36,1%). No DF, 24,4% dos homens assumiram exagerar nas doses e apareceram no 24; lugar da lista. Sendo que, para o sexo masculino, é considerado exagero da quinta dose em diante. No ranking nacional, sem diferenciação por sexo, o DF ficou em 13; lugar, com 20,2% dos entrevistados assumindo que bebiam mais de quatro doses por vez. Salvador aparece novamente como a cidade onde as pessoas mais abusam da bebida (25,6%). O menor consumo foi registrado em Curitiba (13,9%).

Aumento
Na edição anterior da pesquisa, em 2008, apenas 7,4% das brasilienses afirmavam consumir álcool em excesso. A porcentagem mais que dobrou em um ano. Somando homens e mulheres, o índice de consumo era de 18,4%, no DF. O Ministério da Saúde aplicou a Vigitel pela primeira vez em 2006. Nessa época, entre mulheres, as maiores frequências de ingestão de álcool haviam sido observadas em Recife (12,1%), Salvador (13,0%) e Belo Horizonte (13,2%) e as menores, em Curitiba (4,6%), São Paulo (5,1%) e São Luís (6,0%). Na ocasião, 8,7% das brasilienses afirmaram consumir álcool com exagero e estavam em 10; lugar na lista.

Segundo especialistas que elaboraram a pesquisa, os dados denunciam um problema de saúde pública, cujos efeitos repercutem no bem-estar físico e mental da população. ;Entre as consequências ocasionadas pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas, destacam-se as doenças cardiovasculares, neoplasias, absenteísmo (aposentadorias precoces e hospitalizações), acidentes de trabalho e de trânsito, violência, suicídios e elevada frequência de ocupação de leitos hospitalares;, informa o estudo do Ministério da Saúde.

A média nacional de consumo de álcool entre mulheres é de 10,4% e entre homens é quase três vezes maior, 28,8%. Com relação às faixas etárias mais afetadas, o estudo revela uma tendência nacional. Os jovens são os mais vulneráveis. Mais de 30% dos homens com idades entre 18 e 44 anos admitiu o exagero e 10% das mulheres na mesma faixa etária deram tal resposta. A partir dos 45 anos, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas declina progressivamente até chegar a 8,4% entre os homens e 1,5% entre as mulheres com 65 anos ou mais. E uma constatação surpreendente: quanto mais escolaridade, maior é o consumo de bebida alcoólica.

Palavra de especialista
Atenção aos prejuízos




Critérios

Considera-se dose de bebida alcoólica uma dose de destilado, uma lata de cerveja ou uma taça de vinho. Os questionários da Vigitel são aplicados poro telefone. Na capital do país, o Ministério da Saúde sorteou 2.010 linhas telefônicas: 832 de homens e 1.178 de mulheres. O objetivo do estudo é traçar um perfil da saúde dos brasileiros.



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