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Procurador-geral afirma que situação no DF é 'dissimulação da realidade'

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, autor do pedido de intervenção no Distrito Federal (DF) que está sendo julgado neste momento pelo Supremo Tribunal Federal (STF), disse que a atual situação do Executivo e do Legislativo do Distrito Federal é um ;cenário dissimulado da realidade;, que não resiste a uma análise mais profunda sobre seu funcionamento.

Para Gurgel, a capital do país não está livre da corrupção. ;A eleição indireta do atual governador [Rogério Rosso, PMDB-DF] é apontada como marco da volta da normalidade na situação política. Mas nenhum fato reforça tanto a necessidade de intervenção como a eleição do governador;, afirmou Gurgel, lembrando que oito dos deputados que votaram em Rosso foram apontados no esquema de corrupção deflagrado pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal.

Gurgel também criticou o Legislativo local afirmando que os deputados ;fecham os olhos; para fortes indícios de desvio de verbas de saúde e educação. ;O papel do Legislativo é conveniente ou conivente com essa situação;, afirmou.

O procurador-geral citou um episódio que precedeu a eleição para o governo distrital, no dia 17 de abril. Segundo ele, nos dias 16 e 17 de abril, pelo menos oito deputados distritais se reuniram em um hotel em Goiânia (GO), com despesas pagas por um empresário da área imobiliária e de construção civil. Gurgel ressaltou que o Ministério Público já abriu uma ação civil pública para apurar os fatos e o que foi tratado nesse encontro.

Gurgel afirmou que a intervenção não é motivada pelo não funcionamento dos serviços públicos, mas pelo não funcionamento das instituições políticas de forma adequada. Para ele, a intervenção teria um caráter pedagógico que coibiria a corrupção não só no DF, mas em todos os estados.