Lilian Tahan
Ana Maria Campos e
Luísa Medeiros
Do ponto de vista da exposição na televisão e no rádio, a coligação que marchará com o PT está com a vantagem. Tem o dobro de tempo que o grupo de Joaquim Roriz dispõe para vender seu peixe em rede aberta de TV. Segundo as regras eleitorais, a chapa com oito partidos em torno de Agnelo Queiroz terá 10 minutos e 9 segundos de propaganda eleitoral, mais da metade de todo o tempo, 20 minutos. Isso a cada inserção ; são duas por dia, na hora do almoço e à noite. A coligação de Roriz ficará com 3 minutos e 44 segundos, caso não consiga fechar com o PP, um dos partidos que ainda não se definiram. O pré-candidato Alberto Fraga (DEM), sem papas na língua, precisará ser econômico nas palavras. Isolado, o Democratas ficou com apenas 1 minuto e 56 segundos. Eduardo Brandão (PV) conta com 35 segundos. Toninho do PSol, Newton Lins (PSL) e Frank Svensson (PCB) terão de resumir suas propostas ao mínimo. Juntos, eles reúnem apenas um minuto.
O tempo de televisão é considerado valioso pelos concorrentes a cargos eletivos. É calculado na ponta do lápis pelos grupos que disputam o poder. A exposição pública tem a função, quase sempre, de projetar os candidatos. E numa percepção linear sobre essa regra, quem tem mais tempo acaba tendo mais visibilidade. Se não garante a vitória nas urnas, a exposição pública, por sua vez, é levada em conta pelos eleitores. Assim, grande parte das conversas que são travadas entre os partidos levam em consideração o tempo que cada um agrega à aliança. Tem mais poder de barganha quem tem mais tempo a oferecer. Foi de olho nos 2 minutos e 33 segundos do PMDB que o PT aceitou conversar com antigos adversários. Calculado com base na bancada de deputados federais do partido, os peemedebistas, que em 2006 elegeram o maior número de parlamentares na Câmara dos Deputados (89), levaram a melhor. A legenda que apresentará o vice na chapa de Agnelo ; o deputado federal Tadeu Filippelli ; tem mais tempo de TV do que o próprio PT, com 2 minutos e 24 segundos. Nas últimas eleições, a bancada eleita do PT chegou a 83 deputados federais.
Não é por acaso que PDT e PSB ficaram com as duas vagas ao Senado na coligação de Agnelo e Filippelli. Depois de PMDB e PT, as duas siglas são as mais robustas. A contribuição do PCdoB será de 35 segundos. A busca por tempo de exposição explica a disputa de última hora pelos partidos ainda solteiros. O PTB, por exemplo, que fará sua convenção hoje, no prazo final para a definição das alianças partidárias, oferece como moeda de troca na negociação 50 segundos ; tempo considerado precioso. E quem arrematou foi o PT. O acerto será confirmado na reunião de hoje à noite.
Vagas
A direção do PP regional, que ontem à noite se reuniu para discutir em qual time vai estar na campanha, também tem um dote considerável. Com 1 minuto e 18 segundos, ainda tenta negociar um bom quinhão com as chapas existentes. Se ficar do lado de Roriz, poderá ocupar uma das vagas ao Senado Federal. Saindo com o PT, teria de se adequar à realidade do partido, que hoje negocia a suplência na Casa de Cristovam Buarque (PDT) ou de Rodrigo Rollemberg (PSB). Atualmente, os dois postos já têm dono, nomes de petistas. Em benefício de uma composição para agregar 78 segundos, o PT é capaz de cortar na própria carne para abrir espaço ao Partido Progressista. Até o fechamento desta edição, no entanto, o PP ainda não havia batido o martelo.
O grupo de Roriz ainda aposta que poderá contar novamente com a parceira do PP. Benedito foi o vice de Roriz entre 1999 e 2002. Os dois brigaram e romperam. Mas, agora, a turma de Roriz tenta aparar arestas e somar os segundos de Benedito Domingos e do deputado federal Bispo Rodovalho. Contra a vontade da direção nacional do partido, o PPS vai de Agnelo. E entrega ao petista mais 49 segundos. Aos candidatos de legendas nanicas e isoladas, como é o caso de Toninho do PSol, que não fechou coligações, o jeito vai ser criar bordões com micromensagens ao estilo do Twitter.
Divisão no PSC
A direção nacional do PSC decidiu abandonar a candidatura do tucano José Serra. E, agora, vai apostar na eleição de Dilma Rousseff, do PT. O PSC é o partido do ex-governador Joaquim Roriz, que no DF organizou em torno de seu nome o principal palanque para Serra. A reviravolta do partido nanico irritou Roriz e pode ser um trunfo para que o deputado federal Alberto Fraga, pré-candidato pelo DEM ao GDF, retome uma rodada de negociações com o PSDB. O presidente do PSDB-DF, Márcio Machado, garante que nada vai mudar. ;A base para o nosso acordo local é montar o palanque para Serra. Se existe esse compromisso aqui, então está tudo certo, continuamos de pé com a coligação;, assegura Machado. Roriz afirma que vai manter o apoio aos tucanos. ;O governador permanece com o compromisso de apoiar José Serra;, informou o assessor de imprensa do ex-governador, Paulo Fona.
Aliança PPS-PT não será anulada
A direção nacional do PPS recuou e não anulará o resultado da convenção regional que referendou a aliança da sigla com o Partido dos Trabalhadores no Distrito Federal. Na última segunda-feira, o diretório local decidiu embarcar na chapa encabeçada por Agnelo Queiroz (PT) na disputa ao Palácio do Buriti. A escolha foi considerada pelo presidente nacional da legenda, Roberto Freire, um ;erro político gravíssimo;, porque a legenda apoia o rival da candidata petista Dilma Roussef à Presidência da República, o tucano José Serra. ;Eles estão fazendo uma aliança com o adversário político do partido. Se houve um erro, são eles (o diretório local) que têm que arrumar;, alfinetou Freire.
Ontem, a executiva nacional do PPS fez rodadas de discussões para resolver o caso. Por nove votos a sete, os integrantes decidiram evitar uma medida drástica. O desgaste e o trauma de uma intervenção no diretório do PPS-DF seriam munição em benefício da candidatura de Joaquim Roriz (PSC) ao governo local. Também poderiam favorecer uma eventual aliança do PPS com o PV. O certo é que o partido não faria coligação com o DEM. Em nota, a executiva nacional informou que ;prevaleceu o entendimento de que o respeito a uma escolha democraticamente estabelecida é o pressuposto básico da constituição de nossa organização partidária;.
Antes de a união ter sido referendada, Roberto Freire havia feito comentários ferozes em relação à possível coligação PPS-PT, sinalizando que poderia decretar uma intervenção no diretório regional. Mesmo sob ameaça, o diretório manteve o plano estratégico de se juntar aos petistas e, com isso, facilitar a reeleição do deputado federal Augusto Carvalho e emplacar alguns distritais na Câmara Legislativa. No dia da convenção, com a aprovação da maioria dos militantes do PPS, discursaram lado a lado Agnelo Queiroz, lideranças do PPS e de outros partidos. Para Agnelo, não existe mal-estar em estar no mesmo grupo que apoia Serra. ;A maioria dos partidos dessa coligação está com Dilma, mas saberemos respeitar a opção de algumas legendas que nos apoiam no plano local mas tem outro candidato no plano federal.;
A aliança com o PPS vai oferecer ao PT mais 49 segundos no horário eleitoral para a campanha de Agnelo no rádio e na TV. Augusto Carvalho comenta que os segundos não influirão na campanha para presidente do país, caso o candidato petista faça uma ode a Dilma Roussef. ;O tempo de televisão é muito reduzido. Não serão esses segundos que farão diferença. Não está em jogo a campanha Serra contra Dilma, e sim, o melhor caminho para Brasília;, analisou. (LM e AMC)