Em dia de estreia da Seleção Brasileira na Copa do Mundo e depois do tumulto provocado pela greve dos rodoviários na segunda-feira, o brasiliense não quis ficar a mercê dos coletivos para ir e voltar do trabalho. Ontem, a frota em circulação passou de 700 mil para 1 milhão de veículos, de acordo com o diretor de Segurança do Trânsito do Detran, Silvain Fonseca. Mas adiantou pouco tirar o carro da garagem. A pressa do torcedor candango de chegar em casa ou encontrar os amigos para ver a exibição dos brasileiros contra a Coreia do Norte, na África do Sul, esbarrou nos engarrafamentos.
De acordo com o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), entre 12h30 e 13h30, o fluxo na Estrada Parque Taguatinga (EPTG), comprometido em dias normais pelas obras da Linha Verde, foi o mais afetado. Ali, o engarrafamento chegou a 5 quilômetros de extensão. Na Estrutural, nem mesmo a inversão do fluxo para favorecer quem se deslocava do Plano Piloto para Taguatinga e Ceilândia evitou a retenção que se estendeu por quatro quilômetros. Na Estrada Parque Núcleo Bandeirante e no Eixo Rodoviário, foram 3 quilômetros interrupção do trânsito. Até no Parque da Cidade, o fluxo ficou travado por mais de um quilômetro. ;Na Copa, todo mundo quer vir de carro para chegar em casa o mais rápido possível, além disso tem o agravante da greve;, comentou Silvain. Ele previu que os congestionamentos deverão se repetir em todos os jogos do Brasil.
Por conta do jogo da Seleção Brasileira às 15h30, servidores públicos e funcionários privados tiveram a jornada de trabalho reduzida. Com isso, os pontos de retenção de veículos se concentrarem no início da manhã e no começo da tarde, minutos antes dos canarinhos entrarem em campo.
Geralmente, o corretor de seguro Vinícius Oliveira, 24 anos, utiliza o metrô como meio de transporte para ir ao trabalho no Setor Comercial Sul. Nesta terça-feira ele decidiu abrir mão da economia e tirar o carro da garagem de casa, no Racho Fundo I. ;Enfrentei um trânsito infernal hoje na EPNB. Um percurso que normalmente faria em 20 minutos de carro, fiz em 1h 20m . Mas vale a pena pelo Brasil. Melhor sair de carro para não perdeu nenhum lance do jogo do que depender do transporte coletivo`, justificou.
Quem não tinha som, perguntava ao passageiro do carro do lado se o jogo já havia começado. O Hino Nacional também podia ser ouvido do engarrafamento. Alguns torcedores arriscavam trocar poucas palavras entre si, e aproveitaram o tempo de espera para revelar palpites de resultados para a disputa. Os pequenos espaços que se abriam entre os veículos eram disputados. No cruzamento de saída do Lúcio Costa, próximo ao Guará I, as marcações dos semáforos passaram a ser desconsideradas pelos motoristas. Nos ônibus lotados, condutores abriam as portas para refrescar a população do calor ocasionado pelo forte sol do início da tarde. Já por volta das 16h, por sua vez, poucos carros podiam ser observados nas ruas da cidade. Menor ainda era a circulação de pessoas nas ruas.
Reforço
Para tentar controlar o intenso fluxo de veículos, os órgãos de trânsito montaram esquemas específicos. As duas pistas da Estrutural foram invertidas das 12h30 às 14h30 para o sentido Plano Piloto ; Taguatinga com intuito de atender os moradores daquela região e outras próximas que trabalham no centro de Brasília. Pela manhã, condutores mais impacientes transitaram na contramão no lado lateral da via. A Companhia de Policiamento Rodoviário (CPRv) reforçou especialmente o efetivo ontem para coibir esse tipo de prática e garantir a organização do tráfego. O efetivo de 50 policiais ganhou um reforço de mais 24 agentes para ajudar na fiscalização das ruas, segundo o tenente Fabiano de Oliveira.
O Detran também reforçou a fiscalização no primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo. ;Colocamos nas ruas 120 agentes que vão atuar até de madrugada`, afirmou Silvain, diretor de Segurança de Trânsito do órgão. Depois de controlar os congestionamentos para evitar tumultos e acidentes de trânsito, o foco da operação foi coibir os excessos na combinação álcool e volante. ;Depois do jogo a atenção é o consumo de bebida alcoólica, Queremos manter a Copa como o período de menor número de mortes no trânsito;, disse Silvain. Segundo ele, em 2006, ano último mundial de futebol, foi registrado o menor índice dos últimos 20 anos. Com um total de 414 mortes em acidentes. Hoje, Silvain reconhece que o desafio é maior. Em quatro anos Brasília ganhou mais 330 mil condutores.