O ato no Hotel Nacional contará com a presença dos demais integrantes da chapa: o senador Cristovam Buarque (PDT) e o deputado Rodrigo Rollemberg (PSB), candidatos às duas vagas ao Senado e também entusiastas do novo casamento político. PT, PMDB, PDT e PSB contarão ainda com o PCdoB e provavelmente com o PRB na aliança contra a candidatura do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), que terá a seu lado o deputado Jofran Frejat (PR) como vice. Roriz ainda costura uma união com partidos que estarão com o tucano José Serra, como o próprio PSDB e o DEM, para também começar a buscar votos com possibilidade de ampliar o tempo de televisão e no rádio durante o horário eleitoral.
A aliança de Agnelo e Filippelli tem o apoio da cúpula dos partidos, mas ainda precisa ser submetida ao crivo das bases. As convenções do PT e PMDB ocorrerão no dia 19 próximo e prometem ainda debates acalorados. Entre petistas, há um receio de que a antecipação do anúncio da dobradinha com Filippelli, num acordo nacional, provoque uma reação de convencionais regionais. Há ainda uma rejeição à aliança por dois motivos: a história de Filippelli como o homem forte de Roriz nas duas últimas décadas e o envolvimento de integrantes do PMDB nas investigações da Operação Caixa de Pandora, como os deputados distritais Eurides Brito, Benício Tavares e Rôney Nemer, além do ex-chefe de gabinete de José Roberto Arruda, Fábio Simão, que ainda mantém influência no PMDB.
Também é um incômodo para petistas a permanência no PMDB do ex-deputado distrital Pedro Passos, considerado um adversário em vários embates eleitorais e na Câmara Legislativa, a quem o partido sempre criticou como responsável por parcelamentos irregulares de terras, e do ex-senador Luiz Estevão, cassado pelo suposto envolvimento nos desvios de recursos do Fórum Trabalhista de São Paulo. No PMDB, Estevão tem ajudado na campanha de Roriz. Até por causa da rejeição de petistas, peemedebistas também temem uma aliança que, em caso de vitória, poderá excluí-los do poder.
Possibilidades
Como interessa ao Palácio do Planalto e à campanha de Dilma, dificilmente petistas terão forças para vetar esse entendimento. Também no PMDB,
Filippelli, ao lado de Temer, conta com maioria entre os convencionais. A direção do PT e PMDB espera transformar o ato desta manhã no Hotel Nacional no encerramento das controvérsias nas bases das duas legendas. Tadeu Filippelli esteve ontem à tarde na casa do governador Rogério Rosso (PMDB) para comunicar a decisão. Durante a conversa, o presidente regional do PMDB transferiu o telefone para que Rosso conversasse com Temer, que estava presidindo a sessão na Câmara dos Deputados. Para Filippelli, foi um encontro cordial de aliados. ;Foi uma das melhores reuniões que tivemos;, disse.
Rosso, no entanto, discorda da decisão. ;Fui apenas informado. Ponderei que o PMDB tem história e quadros no DF que permitiriam uma candidatura própria, como forma de assegurar um segundo palanque para Dilma;, disse Rosso, pela primeira demonstrando que está no páreo e pode levar a discussão para a convenção no dia 19. E acrescentou: ;Torço pelo sucesso da aliança entre Temer e Dilma, mas no DF tenho recebido muitas manifestações de populares que querem um outro projeto. É até natural, por eu ser um governador do PMDB, que as pessoas me procurem para propor uma alternativa, uma expectativa de outro nome;.
"Foi uma das melhores reuniões que tivemos"
Tadeu Filippelli, presidente regional do PMDB, sobre o encontro com o governador Rogério Rosso
"Fui apenas informado. Ponderei que o PMDB tem história e quadros no DF que permitiriam uma candidatura própria, como forma de assegurar um segundo palanque para Dilma"
Rogério Rosso, governador do DF, sobre o mesmo assunto
Tadeu Filippelli, presidente regional do PMDB, sobre o encontro com o governador Rogério Rosso
"Fui apenas informado. Ponderei que o PMDB tem história e quadros no DF que permitiriam uma candidatura própria, como forma de assegurar um segundo palanque para Dilma"
Rogério Rosso, governador do DF, sobre o mesmo assunto
Embate histórico
1990
O PT lançou o médico Carlos Saraiva contra o ex-governador Elmo Serejo (PMDB). O petista ficou atrás de Joaquim Roriz (PTR), que se elegeu pela primeira vez pelo voto direto. Também concorreram Maurício Corrêa (PTB) e Adolfo Lopes Jamel Edin (PTB)
1994
O PT lançou Cristovam Buarque ao governo, que venceu a eleição. Ele disputou os segundo turno com Valmir Campelo (PTB), que saiu candidato com o apoio do PMDB, PFL e PP. Fez campanha ao lado de Joaquim Roriz e de Tadeu Filippelli.
1998
Cristovam Buarque concorreu à reeleição contra Joaquim Roriz (PMDB), que venceu a disputa. Nos quatro anos anteriores, o partido fez oposição ferrenha a Cristovam, liderada pelo então deputado distrital Luiz Estevão, com apoio de Tadeu Filippelli na Câmara Legislativa.
2002
Joaquim Roriz (PMDB) acabou reeleito numa campanha dura contra o petista Geraldo Magela. Houve uma polarização entre os dois e troca de acusações. Nos oito anos anteriores, o PT fez oposição a Roriz, com denúncias de corrupção. Depois da eleição, o PT entrou com representação na Justiça Eleitoral contra Roriz por abuso de poder econômico e uso da máquina administrativa. Roriz acabou sendo absolvido no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
2006
O PT saiu com Arlete Sampaio apoiada pelo PV, PcdoB, PSB, PRTB e PRB. Ela ficou em terceiro lugar nas eleições, atrás de Maria de Lourdes Abadia (PSDB), então candidata à reeleição que tinha um vice do PMDB, Maurício Corrêa. José Roberto Arruda, então no PFL, venceu no primeiro turno. Informalmente, ele contava com o apoio de vários peemedebistas como Odilon Aires, Fábio Simão, Eurides Brito e Benício Tavares.