O Conselho Regional de Medicina (CRM-DF) interditou, por tempo indeterminado, na tarde desta terça-feira (8/6), de forma parcial, os serviços do Hospital Regional de Samambaia (HRSAM). O Pronto-Socorro e os setores de Clínica Médica e Pediatria serão os prejudicados.
A decisão surgiu após uma reunião, na noite de ontem (07/06), entre o Conselho, o Ministério Público, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Sindicato dos Médicos e os servidores do local. O encontro foi feito depois de ter sido constatado, durante visita, a continuidade de irregularidades no hospital, que geram riscos à saúde dos pacientes e dos profissionais vinculados à unidade.
Segundo a assessoria de imprensa da CRM-DF, atualmente o Hospital sofre um déficit de médicos e, ainda, locais como a emergência de pediatria e a clínica médica possuem apenas uma única saída de oxigênio e ar comprimido. Além da deficiência em equipamentos, insumos no local e a ausência de manutenção nos aparelhos do Hospital.
"Fizemos vistoria aqui no hospital há um ano, voltamos no mês passado, mas a situação continua a mesma e até piorou", avalia o secretário do CRM, Dimitri Gabriel Homar. De acordo com ele, dos três elevadores do hospital, apenas um funciona, e por isso, pacientes são transportados juntamente com comida.
Durante a visita, o Conselho ainda verificou que existe uma obra desde o ano passado que ainda não foi concluída nas salas de radiologia e tomografia, que impede a instalação dos novos aparelhos, obtidos há dez meses. Também foi constatado que todos os médicos empossados, nos dois últimos concursos, já pediram exoneração do cargo, devido às péssimas condições de trabalho e sobrecarga de serviço encontrada na unidade.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos, Ruthemberg Fialho, os próprios médicos do local informaram a entidade sobre as possíveis irregularidades. O Sindicato, então, entrou em contato com o Ministério Público e com o CRM para pediram a interdição dos serviços no Hospital.
No dia 28 de maio, houve uma reunião para debater estratégias para solucionar as precariedades do local. Na data, os médicos expuseram fatores de riscos da unidade e decidiram previamente, por unanimidade, pela interdição ética do Hospital.
Segundo Ruthemberg, o Conselho fez uma visita no local e constatou os problemas. Após isso, a Secretaria de Saúde foi informada para que pudesse solucionar os fatores de risco. "O Conselho deu um prazo de 15 dias para a Secretaria resolver o problema, porém, tudo continuou na mesma", explica.
A assessoria do Conselho também ressaltou que, no dia 20 maio, tanto o hospital como a Secretaria já haviam recebido uma notificação que solicitava providências imediatas para sanar as irregularidades. Porém, apenas pequenas alterações foram feitas. Como a instalação de um aparelho de raio X convencional.
Interdição
Depois desse prazo, houve uma outra reunião que analisou o relatório de fiscalização do hospital produzido pela CRM-DF e determinou, ontem (07/06), a interdição do local. A Secretaria de Saúde será notificada ainda hoje, segundo o presidente do Sindicato.
De acordo com o presidente do Sindicato, Ruthemberg Fialho, o hospital continuará funcionando. Porém, os médicos não poderão realizar atendimentos. "Os médicos estão proibidos de trabalhar com a determinação do Conselho. Eles não podem atender pacientes, senão podem ser punidos, cassados ou até suspensos", afirma.
Em relação a quanto tempo irá durar a interdição no hospital, Ruthemberg disse que vai depender apenas da resolução dos problemas por parte da secretaria. "A interdição continuará enquanto as irregularidades continuarem", informa.
Resposta
Em nota oficial enviada a imprensa, nesta manhã, a Secretaria de Saúde afirmou já ter tomado conhecimento da visita feita pelo Conselho Regional de Medicina. No entanto, até às 14h, eles não haviam sido informados da interdição no Hospital.
O órgão garantiu que até o final desta semana, médicos clínicos, pediatras e anestesistas, que tomaram posse na última segunda-feira (07/06), deverão entrar em exercício no Hospital. E ainda ressaltou que se empenha para solucionar os problemas existentes na unidade.
Fiscalização
O Conselho Regional de Medicina afirmou que desde o ano passado as irregularidades foram verificadas no local. Na fiscalização feita no mês de maio deste ano, o CRM constatou o crescimento do número de problemas. Segundo a assessoria, por esse motivo, o Conselho decidiu pela interdição do hospital de Samambaia. Segundo o conselho, a fiscalização vai continuar em outros hospitais da rede pública.
Com informações de Helena Mader