Na manhã de ontem, os brasilienses que resolveram aproveitar o dia de sol nas piscinas do Parque Nacional de Brasília, mais conhecido como Água Mineral, deram de cara com as portas fechadas. ;Não sabia da greve. Escolhi um péssimo dia para conhecer o parque;, disse a estudante Maria Eduarda, 20 anos. Acompanhada pelos amigos Adriana Firmino, 20, Estefânia Rodrigues, 23, e Ramon Ventura, 17, ela voltou para casa frustrada. ;Em Sobradinho a gente não tem opções de lazer. O jeito vai ser ficar em casa. Mas quem sabe no próximo fim de semana a gente volta;, amenizava.
Se tudo der certo nas negociações, o parque pode, sim, reabrir as portas ainda nesta semana. Amanhã, os grevistas se reunirão em assembleia na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para discutir a proposta do governo. ;Querem nos oferecer uma gratificação. Não é bem o que a gente queria. Mas, com o período eleitoral chegando, é pegar ou lagar. Ao que tudo indica, vamos fechar negócio e abrir o parque ainda esta semana;, avalia Valdivino Bernardo de Moraes, representante do Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sindsep-DF). Ele também é fiscal do parque.
Assim também espera Elias Paulino, 52 anos. Mensalista do parque, o funcionário público está sem fazer exercícios desde 7 de abril, quando começou a greve. ;Estou sentindo muita falta de correr, nadar e caminhar. Preciso de exercícios físicos para manter a taxa de triglicerídeos baixa. Não sou contra greves, mas acho um absurdo a população ser punida por isso;, reclama o morador de Taguatinga. Ele paga R$ 60 por mês para usufruir do local.
Condições de trabalho
Moraes pondera que a greve não tem como motivo único as reivindicações salariais dos trabalhadoras do local: ;As pessoas não entendem. Estamos lutando não só pela reestruturação da nossa carreira, como também por melhores condições de trabalho. Isso inclui melhorias para o parque, que está com problemas de pintura, os banheiros quebrados e a piscina rachada. Além disso, o governo é que não considera o lazer importante. Pediu a volta dos serviços de licenciamento e fiscalização, mas deixou o parque de lado;.
Em 7 de abril, cerca de 8 mil servidores do Ministério do Meio Ambiente (MMA) ; órgão que inclui o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) ; paralisaram as atividades. Os funcionários reivindicam a reestruturação do plano de carreira, bem como reajuste salarial, investimento na qualificação dos profissionais e benefícios aos que atuam em regiões de difícil acesso do país. Só no Distrito Federal, quase 2 mil funcionários aderiam à paralisação.