A venda de uma fração no Park Way para vários compradores levou à prisão quatro pessoas ; entre elas, dois proprietários de imobiliária de Taguatinga. O golpe acabou descoberto quando o cartório onde foram lavradas as escrituras do mesmo terreno percebeu o crime e comunicou às vítimas. Ao todo, os estelionatários arrecadaram mais de R$ 1 milhão.
O sonho de se mudar para uma casa mais confortável fez com que a professora Lidiana de Paula Reis, 35 anos, se privasse de algumas coisas, como viajar com a família e trocar de carro. Em três anos, ela economizou R$ 290 mil. Em agosto de 2009, Lidiana procurou a Premium Imobiliária, na QND 26 de Taguatinga, pois estava interessada no terreno de 2,5 mil metros quadrados na Quadra 5 do Park Way. A compra, porém, ocorreu por intermédio de outra imobiliária, que também anunciou o imóvel, a Porto Seguro, situada na QSA.
O negócio foi fechado em 7 de janeiro deste ano. Ela, o corretor e o suposto dono assinaram a escritura no 5; Ofício de Notas, situado também na mesma cidade. Em janeiro deste ano, a professora recebeu a notícia de que havia caído no golpe. ;Alguém do cartório me ligou para avisar;, disse. ;Como isso pode acontecer? Eu fiz a compra perante o cartório, não em uma padaria;, lamentou.
Depois dela, os bandidos fizeram pelo menos outras três vítimas. A nutricionista Ana Paula Guimarães, 33, vendeu o apartamento, em Águas Claras ; no valor de R$ 230 mil ; e deu mais R$ 120 mil à vista pelo mesmo terreno no Park Way. Ela fechou negócio com a Porto Seguro. Sem lugar para morar, ela, o marido e os filhos estão hospedados na casa da mãe, em Vicente Pires. ;Enquanto estou morando de favor, eles (estelionatários) continuam aplicando golpes;, lamentou. A Porto Seguro prometeu ressarci-la. Entregou a ela um cheque de R$ 265 mil, que era de outra vítima do golpe.
A folha acabou sustada pelo capitão da Força Aérea Antônio Robson Cordeiro de Carvalho, 51. O cheque está bloqueado a mando da Justiça. Por isso, Ana Paula teve de se explicar ao banco ao tentar depositá-lo na conta. ;Ainda passei por esse constrangimento na minha vida. Fui tratada como bandido;, disse ela.
O prejuízo de Robson, até agora, é de R$ 30 mil, valor que pagou à vista pela mesma fração no Park Way. Por intermédio também da Porto Seguro, ele passaria ao suposto proprietário R$ 265 mil uma semana depois da primeira quantia. Robson acabou sustando o cheque ao receber a tempo a informação do cartório.
Prisão temporária
A prisão temporária de cinco dias dos quatro suspeitos começou a valer ontem, quando foram detidos por agentes da 12; DP. Fernando Boaventura de Oliveira é dono da imobiliária Porto Seguro. Alberto Ferreira da Silva de Castro e sua mulher, Renata D;Abadia Silva de Castro, são proprietários da Premium. Com os três, acabou preso Alcides Tavares Santos. Eles vão responder por estelionato e formação de quadrilha: podem pegar até oito anos de prisão. ;Estamos à procura do escrevente, pois as escrituras foram feitas com ele;, disse a delegada-chefe da 12; DP, Vera Lúcia da Silva.