[SAIBAMAIS]Outro fato que pode agravar a situação de Júnior são os exames de alcoolemia que serão feitos por legistas do Instituto de Medicina Legal (IML) nos cadáveres das jovens. Ao Correio, Silvério disse que o procedimento é capaz de indicar com precisão quanto de álcool elas ingeriram no momento da tragédia. ;Sabendo o quanto as jovens beberam, podemos ter uma noção do quanto ele (o piloto) bebeu;, ressaltou o delegado.
Ontem, o webdesign Welvis Fernandes da Silva, 24 anos, prestou depoimento. Ele filmou a embarcação lotada momentos antes de ela afundar. Ao delegado, o jovem disse que viu, sim, algumas pessoas com garrafas e copos na mão. ;O depoimento dele serviu para corroborar que havia gente consumindo bebida na embarcação;, reforçou Silvério. A irmã das vítimas, a cabeleireira Rita de Cássia Queiroz, 26 anos, iria depor ontem à tarde, mas o delegado entendeu que ela não tinha condições psicológicas de comparecer à 9; DP.
Coletes
Até agora, sabe-se que a lancha dispunha de cinco coletes salva-vidas. Três foram encontrados pelos bombeiros no dia do naufrágio, um outro foi entregue ontem na 9; DP. Um coronel da PM, cujo nome não foi divulgado, disse que nadava no lago quando viu o equipamento flutuando. Já o quinto colete estava preso à lancha. Ou seja, a embarcação trafegava com seis coletes a menos, já que havia 11 pessoas a bordo ; seis a mais que a capacidade da lancha, que foi periciada pela Polícia Civil no fundo do lago. ;Ele (Júnior) agiu com negligência;, afirmou o delegado.
O IML liberou os corpos das irmãs, por volta das 17h de ontem. A primeira avaliação dos peritos aponta para afogamento. As certidões de óbito, porém, não vieram com as causas das mortes. É preciso esperar até 10 dias pelo resultado do laudo cadavérico. Um outro teste, este com material retirado das vísceras suprarrenais, pode dizer se as duas gastaram o estoque de adrenalina do corpo ou seja se houve luta pela sobrevivência e durante quanto tempo. ;Como os corpos ficaram três dias na água, fica difícil ter esse tipo de resposta pelo estado de decomposição;, afirmou o diretor do IML, Malthus Fonseca.
O trabalho dos peritos começou ao meio-dia. O primeiro passo foi identificar oficialmente os corpos, por meio das impressões digitais. Em seguida, os médicos fizeram exames radiográficos (para saber a situação dos ossos), ectoscópico (uma inspeção externa dos cadáveres) e interno ; para identificar as condições dos órgãos e cavidades, com enfoque para o sistema respiratório. Os corpos estavam em fase enfisematosa, um período de formação de gases. ;Ainda não tinham boiado porque estavam em uma profundidade muito grande (25m). Iam demorar mais um dia pra boiar;, concluiu o diretor do IML.
1 - Punição
A pena para homicídio culposo é de um a três anos. Já para o homicídio doloso (quando há a intenção de matar), o Código Penal Brasileiro prevê de 12 a 30 anos.
Resultado em até 20 dias
A perícia na lancha feita pelo Instituto de Criminalística deve ser concluída entre 15 e 20 dias. Será avaliado o sistema mecânico da embarcação, pois não está descartado que a bomba possa ter parado de funcionar, facilitando a entrada de água. O procedimento não mudará a tipificação penal no inquérito que o condutor responde, mas ajudará os investigadores a esclarecer a dinâmica da tragédia.
"A perícia agora vai mostrar os motivos do afundamento, o que nos ajudará a apontar os responsáveis"
Rogério Leite, delegado fluvial e comandante da Capitania dos Portos
Rogério Leite, delegado fluvial e comandante da Capitania dos Portos
O número
22 km/h
Velocidade que o condutor disse estar conduzindo a lancha no momento do acidente.
Com o lastro vazio, a embarcação pode chegar a 50km/h