Um ano de relacionamento e três semanas de rompimento do romance. A cabeleireira Diana Ambrósio de Melo, 30 anos, não queria mais continuar o namoro com o servidor público aposentado da Secretaria de Fazenda, José Dival Souza Santos, 64 anos. O homem, que tinha o dobro da idade dela, não aceitou o fim do romance e, às 11h15 de ontem, matou a ex-companheira com pelo menos quatro tiros disparados à queima roupa por uma pistola calibre .38. Em seguida, o aposentado suicidou-se com um tiro na cabeça. O crime ocorreu no salão de beleza onde Diana trabalhava, no Conjunto B da QI 9 do Guará I.
Clientes e moradores do local ficaram chocados com a tragédia. Momentos antes de o crime acontecer, estavam no salão Diana, a proprietária do estabelecimento e uma cliente, que era atendida pela cabeleireira e fazia as unhas. José Dival chegou ao estabelecimento com uma sacola nas mãos e, na sequência, sacou a arma e começou a atirar. Cinco tiros foram ouvidos pelos vizinhos e comerciantes de lojas próximas. Em depoimento à polícia, a proprietária do salão, identificada como Lilian da Costa, disse que a funcionária ainda tentou correr para os fundos do salão, mas foi atingida pelas costas. Antes de matá-la, José teria tomado uma dose de cachaça no bar ao lado, sem que ela o visse.
Diana não gostava de falar muito sobre a vida pessoal, mas as amigas mais próximas relataram que ela vinha sendo ameaçada. Na última quinta-feira, a cabeleireira comentou que estava com medo do ex-companheiro e que pretendia deixar o trabalho no salão. ;Ela falou que passaria a fazer as unhas das clientes no apartamento delas;, contou, entre lágrimas, a amiga e também cabeleireira Márcia Parreira de Araújo, 25 anos. A proprietária de uma loja próxima, Vera Lúcia Catanhede, 38 anos, ouviu os disparos e ainda tentou socorrer a vítima. ;Ela gritava muito por socorro, mas foi tudo muito rápido. Quando eu cheguei , ela estava morta e ele ainda estava se debatendo no chão;, relembrou. ;Até agora não estou acreditando no que aconteceu. Foi horrível;, disse ela, ainda muito assustada.
Diante das ameaças de morte, Diana parecia pressentir o que a esperava. Poucas horas antes de ser assassinada, ela comentou com as colegas que estava com um mau pressentimento. ;Parece que ela sabia que ia morrer;, comentou Vera. ;No sábado passado, ele já tinha procurado a Diana no salão e a empurrou;, relatou o delegado-chefe da 4; Delegacia de Polícia (Guará), Jeferson Lisbôa Gimenez. Mesmo com as ameaças, a vítima não registrou nenhuma ocorrência contra o aposentado.
O delegado determinou instauração de inquérito para apurar as circunstâncias do crime. Os investigadores agora pretendem descobrir a origem da arma utilizada por José Dival e ainda se o revólver era registrado ou foi utilizado em outros crimes. O aposentado não tinha passagem pela polícia. A cabeleireira morava com o filho, de 9 anos, que está sob os cuidados de familiares.
A quem recorrer
Denúncias de agressão ou ameaças contra mulheres podem ser feitas por meio do Disque Nacional pelo número 180, pelo 197 da Polícia Civil ou ainda pelo telefone 3322-2266
Palavra de especialista
Denúncia é fundamental
Sempre orientamos que a mulher denuncie sempre que for ameaçada ou sofrer algum tipo de violência. O problema é que muitas não têm coragem de denunciar por medo de expor a família e os filhos. Com a Lei Maria da Penha, a mulher passa a receber atendimento especializado e pode solicitar ao juiz o afastamento do agressor. O magistrado tem 48 horas para expedir essa medida protetiva, tanto para filhos e familiares como para qualquer pessoa que esteja correndo risco de sofrer violência. Quando isso acontece, a mulher tem ainda a opção de ser encaminhada para uma Casa Abrigo, onde será acolhida. Durante esse tempo, tanto a vítima quanto os autores de violência receberão acompanhamento e atendimento psicológico. A mulher deve fazer a denúncia porque com o boletim de ocorrência, pelo menos, é possível reduzir os riscos, mas, sem ele, nada é possível fazer. Quando a mulher aceita o primeiro tapa, a tendência é só piorar. É melhor errar pelo excesso do que pela falta de cuidado.
Adriana Matos Lima Melo, assistente dos Núcleos de Atendimento às Famílias e Autores de Violência Doméstica da Subsecretaria para Assuntos da Mulher
Memória
15 de dezembro de 2008
A gerente do restaurante Fulô do Sertão, localizado na 404 Norte, Ana Paula Mendes de Moura, 33 anos, foi morta a facadas pelo ex-companheiro, o vigilante Marcelo Rodrigues Moreira, 33. Eles estavam separados havia dois meses.
10 de maio de 2010
Warley Santos do Anjos, 22 anos, queria reatar o namoro com Aglinaeth Carneiro Maciel, 18. Depois de receber uma resposta negativa, ele atirou contra a moça e, em seguida, se matou com um tiro na cabeça. Aglinaeth morreu a caminho do hospital.
18 de fevereiro de 2010
O policial civil Luciano André Barbosa, 40 anos, matou a mulher Monali do Nascimento, 41, com tiros na cabeça e, em seguida, retirou as crianças de dentro de casa e cometeu suicídio. A tragédia ocorreu no 10; andar do Residencial Uberlândia, na Quadra 107 de Águas Claras. A motivação para o crime seria a separação do casal.