A pouco mais de quatro meses das eleições, o diretório nacional do PSB manteve a expulsão do deputado distrital Rogério Ulysses, investigado no inquérito 650, em curso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), conhecido como Operação Caixa de Pandora. Com 55 votos a favor e um abstenção, os socialistas aprovaram relatório do vice-presidente nacional da legenda, Roberto Amaral, que ratificou decisão da direção regional. O PSB considera falta ética grave a citação do distrital nas denúncias que abalaram as instituições no Distrito Federal. Com a decisão, Rogério Ulysses não poderá concorrer a cargo público nas próximas eleições.
Rogério Ulysses foi citado pelo então governador José Roberto Arruda e pelo chefe da Casa Civil à época, José Geraldo Maciel, em conversa captada por escuta ambiental presa ao corpo de Durval Barbosa, no dia 21 de outubro do ano passado. Então secretário de Relações Institucionais do DF, Durval já colaborava com a investigação conduzida pela subprocuradora-geral da República Raquel Dodge, quando ouviu de Maciel que Rogério Ulysses recebia mesada de R$ 50 mil de suas mãos e mais R$ 10 mil com o assessor de imprensa do governador na época, Omézio Pontes.
Impedido
Por decisão judicial, a pedido do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (Ncoc) do Ministério Público do DF, ele foi impedido de participar de votações relativas ao impeachment de Arruda, por ter sido considerado suspeito e diretamente interessado. No dia da Operação Caixa de Pandora, ocorrida no dia 27 de novembro, policiais federais e integrantes do MP cumpriram mandados de busca e apreensão na casa do distrital, em São Sebastião, e no gabinete dele na Câmara Legislativa.
Em sua defesa, Rogério Ulysses sustenta que não há provas concretas de sua participação no suposto esquema de pagamento de mesadas. Ele afirma que a busca em sua residência e na Câmara não apontou indícios de seu envolvimento. O distrital, que está em primeiro mandato, ainda deve tentar um recurso judicial para permanecer no PSB ou concorrer por outro partido. Uma legenda da base do atual governo o abrigaria. O acordo foi costurado pelos deputados Alírio Neto (PPS) e Benício Tavares (PMDB), principais articuladores da campanha de Rogério Rosso (PMDB) nas eleições indiretas ocorridas em 17 de abril.
Além de Rogério Ulysses, a repercussão da Operação Caixa de Pandora tirou das próximas eleições o ex-governador José Roberto Arruda, o ex-vice Paulo Octávio e o ex-presidente da Câmara Legislativa Leonardo Prudente, que deixaram o DEM para evitar uma expulsão. No PMDB (1), onde há três deputados envolvidos ; Eurides Brito, Rôney Nemer e Benício ; nenhuma providência foi tomada até agora. (AMC)
1 - Risco
Entre os peemedebistas investigados pelo MP, apenas Eurides Brito corre risco de ficar fora das eleições. Ela decidiu enfrentar o processo por quebra de decoro parlamentar na Câmara Legislativa e não renunciou ao mandato, como fizeram Júnior Brunelli (PSC) e Leonardo Prudente (sem partido). Eles mantiveram a elegibilidade. Afastada do cargo por decisão judicial, Eurides, ao contrário, deve ser cassada e perder a possibilidade de concorrer a cargos públicos nos próximos oito anos.