Jornal Correio Braziliense

Cidades

O aniversário do Caseb este ano é especial

Aberta semanas após a fundação de Brasília, a escola teve sua aula inaugural proferida pelo presidente JK, e a cerimônia foi revivida com a reconstituição cênica desse momento

Manhã de quinta-feira, 19 de maio de 1960. No portão da Escola Caseb(1), na 909 Sul, alunos estão a postos em duas fileiras paralelas. Entre os professores, o clima é de muita ansiedade e expectativa. Tudo por causa da visita de Juscelino Kubitschek, que iria à escola proclamar a aula inaugural da primeira instituição de ensino médio da nova capital do país. Ao chegar, JK é saudado com aplausos, gritos e assobios. Todos querem chegar perto do homem que acabara de transformar Brasília em realidade. Meio século depois, a cena se repete. JK entra novamente por aquele portão. A saudade invade o coração dos protagonistas do passado: os primeiros alunos e professores do Caseb. Os 800 estudantes atuais do centro de ensino participam de tudo, sem ter a exata noção de que são os novos atores dessa história.

O resgate cênico foi possível graças à representação do ator e diretor B. de Paiva. A encenação faz parte das comemorações dos 50 anos do Caseb, inaugurado em 16 de maio de 1960. B. de Paiva não tinha palavras para definir a emoção que sentia. ;Estou com vontade de chorar;, disse. Ele seguiu à risca o script da vida real: entrou pelo portão principal, cumprimentou alunos, hasteou a bandeira Nacional e discursou para a comunidade escolar. O texto era o mesmo declamado por Juscelino Kubitschek, em 19 de maio de 1960, três dias depois da inauguração do Caseb. Nessa hora, B. de Paiva fugiu um pouco do roteiro e fez homenagens a JK: ;Participar das comemorações desta Casa significa muito para mim, que conheci JK pessoalmente. Ele, inclusive, assistiu a três espetáculos que eu dirigi. Além disso, foi nessa escola que estudou o grande amor da minha vida, Zilda Ramos;.

O estudante Talyson Yuri Pereira de Brito, 13 anos, prestava muita atenção a tudo que acontecia no palco, principalmente nas palavras de JK. Ficou ali o tempo todo, bem pertinho de B. de Paiva. ;Vim para cá porque lá de trás não dá para ouvir muito bem;, justificou. Talyson está na 7; série e mora no Recanto das Emas. Para ir ao colégio na Asa Sul, encara uma viagem de ônibus com o irmão todos os dias. ;É porque minha mãe disse que aqui a educação é melhor.; O menino sentia-se feliz de viver aquele momento: ;Sou um privilegiado porque estudo aqui. Só queria que JK estivesse vivo de verdade;.

Emoção
Ontem de manhã, durante o hasteamento da Bandeira Nacional, a professora aposentada Nize Lima Leão, 83 anos, ficou no mesmo lugar em que esteve há cinco décadas, ao lado de JK. ;É uma emoção muito grande, não consegui conter;, confessou a capixaba. Ela chegou a Brasília em 1960, ;assim no escuro;, sem saber o que iria encontrar. ;Hoje não consigo me imaginar morando em outro lugar.; Nize conta que o Caseb foi o responsável pelo início desse amor que hoje ela nutre pela cidade. ;Eu fui fazer a inscrição de uma prima no concurso nacional para professores e acabei fazendo a minha também. Passei para ciências naturais (biologia). Então, vim dar aula aqui.; A encenação da visita de JK remeteu-a a um passado de muita alegria e perspectiva. ;A única diferença é que, naquela época, os professores ficaram mais afoitos: todos queriam estar perto do presidente, inclusive eu;, relembra.

A neta de JK Alejandra Kubitschek, 27 anos, lembrou que a educação era uma das prioridades do governo de seu avô. ;A própria construção do Caseb é uma prova disso (o colégio foi construído às pressas, em dois meses, a pedido do presidente, para atender os alunos da nova capital);. Ela destacou a importância do evento: ;É muito importante a participação dos alunos para que eles saibam que fazem parte de uma instituição histórica;.

A coordenadora da programação do cinquentenário do Caseb, Cosete Ramos, celebrava o reencontro. ;A escola inteira encenando um fato histórico, que coisa linda!”. Gaúcha de Alegrete, ela chegou a Brasília aos 18 anos, antes mesmo da inauguração da cidade, em fevereiro de 1960. A família veio transferida do Rio de Janeiro com o pai, o então deputado Ruy Ramos. A mãe, Nehyta Martins, foi aprovada em um concurso nacional e fez parte do grupo das 69 profissionais selecionadas para lecionar no Caseb. Nehyta foi professora de geografia.

1 - Primeiros nomes
A instituição recebeu esse nome por ter sido construída pela Comissão de Administração do Sistema Educacional de Brasília (Caseb). Ao longo dos seus 50 anos, o colégio passou por várias denominações. Atualmente é chamado de Centro de Ensino Fundamental Caseb. Para os alunos de 1960, a escola será sempre carinhosamente lembrada como ;a Caseb.; Já os atuais a chamam de ;o Caseb.;

Trecho do discurso inaugural
;Nenhum acontecimento é mais auspicioso para esta cidade, depois de sua fundação, do que o ato que aqui nos reúne para oferecer à juventude os quatro cursos completos deste primeiro Centro de Educação Média, ponto de partida do vasto programa com que o governo da República atenderá aos problemas da cultura da capital do país.;

Eu acho...


Programação

Amanhã
Das 8h às 9h exposição de obras de arte de alunos e professores, no Auditório Sebastião Ferreira Cascão Júnior
Atividades no pátio interno:
Das 8h às 9h - show de talentos dos professores e alunos
Das 9h30 - show musical com Cesar Aded Paz
Das 9h50 - corte do bolo de aniversário
Às 10h - baile da ciranda e show do grupo cultural Pé de Cerrado
Local: Caseb ; 909 Sul

Sábado
Às 22h - Baile
Atrações: Squema 6, As Frenéticas (grupo local), Rita Ramos e Edward Catete Pinheiro Filho
Local: Iate Clube de Brasília