Jornal Correio Braziliense

Cidades

Liberação de verba extra garante a recarga

Na tentativa de garantir a recarga do cartão estudantil, nas primeiras horas de ontem, dezenas de pessoas formaram longas filas nos postos de atendimento da Empresa Fácil Transporte Integrado, responsável pela liberação do crédito. A notícia para quem madrugou, no entanto, não foi nada boa: a recarga foi suspensa porque os R$ 54.764 que sobraram dos R$ 2 milhões liberados pelo governo na semana passada já haviam acabado. Os protestos só terminaram às 9h, após o anúncio do repasse emergencial de R$ 636 mil feito pelo Governo do Distrito Federal, por meio do DFTrans, à Fácil.

Ontem, os postos da empresa estiveram movimentados durante todo o dia. O atendimento foi tranquilo apenas na agência do Setor Comercial Sul. Já em Taguatinga Centro, a fila invadiu a rua e a espera foi longa. Primeiro, foi preciso pegar uma senha de atendimento e, em seguida, esperar pelo atendimento em um saguão lotado e sem capacidade para acomodar tantas pessoas. ;Tem uma placa do Procon lá dentro que é bem clara: o tempo máximo de espera para o atendimento é de 30 minutos. Mas é sempre esse descaso com a população;, revoltou-se Albert Alexandre, 19 anos. Ele validou o cartão na segunda-feira, mas precisou encarar uma fila que dobrava o quarteirão. ;Quando não tem mais crédito, preciso acordar às 4h e andar duas horas até chegar à escola;, conta.

A batalha mensal para assegurar o benefício irrita os estudantes. ;Acho que isso nunca vai acabar. Por que não podemos optar por pagar um terço da passagem, como era feito antes? Pelo menos, era garantido. Agora, muitas vezes, temos que pagar a o preço integral da viagem. Sai mais caro;, reclama a universitária Darlene Alves Almeida, 24 anos. Sem o passe livre, ela gasta cerca de R$ 20 por dia para estudar e ir para a empresa onde faz estágio ;Segurei as pontas com o vale-transporte que a minha mãe recebe no trabalho;, diz Helena de Melo, 18 anos. ;Isso é vergonhoso. O problema não é o que se gasta com o passe livre e sim o que é roubado dos cofres públicos;, revoltou-se a professora Neuva Ornelas, 43 anos, que esperava para recarregar o cartão da filha de 15 anos.

Serviço interrompido
Quem não conseguiu renovar os créditos provavelmente terá muita dor de cabeça hoje. Segundo a Fácil, os R$ 606,692 mil foram gastos ontem para atender os 6.378 alunos que comparecem aos pontos de atendimento da empresa. Com o fim do recurso, não há previsão de nova remessa do GDF. O diretor da Fácil, Ricardo Gerlier, adiantou que a recarga deverá ser interrompida hoje. ;Essas paralisações acontecem por falta de planejamento do governo. Não podemos continuar creditando, como quer o governo, sem existir a verba. Esse é um serviço pré-pago e não pós-pago;, afirmou. Segundo ele, desde que a lei do passe livre entrou em vigor, no início do ano, o valor pago pelo governo para arcar com o benefício vem sendo contestado pelas empresas. Para Gerlier, seriam necessários de R$ 8 a 9 milhões por mês para atender aos 132 mil alunos cadastrados. O governo trabalha, em média, com o repasse de R$ 4 milhões mensalmente. ;Em uma semana normal, sem suspensão do serviço, R$ 2 milhões dão conta apenas de cinco dias;, explicou.

Confira videorreportagem sobre a recarga dos cartões do Passe Livre