Segundo suplente de deputado distrital pelo PMDB, Roberto Lucena deve assumir a vaga aberta por Eurides Brito (PMDB), afastada do mandato por decisão judicial. Lucena é médico da rede pública de saúde do DF e irmão de Gilberto Lucena, dono da Linknet, empresa citada no escândalo da Caixa de Pandora por suposto envolvimento no esquema de pagamento de propina à base aliada do governo na Câmara. Sobre a carreira, Roberto afirma que será norteadora para o seu mandato relâmpago. ;A saúde pública será minha maior preocupação, o carro-chefe do meu mandato;, afirmou, em entrevista ao Correio.
[FOTO1]Quanto ao parentesco com um dos pivôs da crise política no DF, o suplente se distancia: ;Eu tenho a ver com o povo, eu não tenho nada a ver com a situação dele. Sou irmão dele e nada mais;. Mas foi a Linknet, a empresa do irmão, que bancou a campanha de Roberto Lucena. Dos R$ 449,4 mil declarados à Justiça Eleitoral, R$ 439 mil foram doados pela firma do irmão ; 97,7% do total. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Como o senhor reagiu ao saber que deve assumir o mandato de deputado com a decisão judicial que afastou Eurides Brito?
Tranquilo e preparado, sabendo da minha responsabilidade e do compromisso que eu tenho que ter com a sociedade.
O senhor vai substituir uma deputada acusada de envolvimento com um esquema de corrupção.
A responsabilidade aumenta?
A responsabilidade de qualquer homem público está sempre aumentada. Ser deputado e fazer as coisas certas não é uma virtude, é uma obrigação.
O presidente da Câmara, Wilson Lima (PR), é do mesmo partido que o senhor e faz parte de um bloco que se formou recentemente na Casa, o dos distritais autodenominados independentes. O senhor vai entrar para esse time?
Não tenho nada definido ainda. Sou da base do povo, não decidi se vou seguir bloco algum. Vou pedir a Deus que me faça votar as coisas única e exclusivamente de interesse da população.
Pretende substituir a estrutura de gabinete de Eurides por assessores indicados pelo senhor?
Vou trabalhar com pessoas minhas, acredito. Se estou no cargo, tenho que ter pessoas próximas a mim.
Qual será o carro-chefe do breve mandato do senhor?
O de uma pessoa que se preocupa demasiadamente com a saúde pública, além de tudo o que for de interesse e venha a beneficiar a população.
O senhor acha correto que Eurides responda ao processo por quebra de decoro fora do cargo?
É uma decisão judicial, e não minha. Prefiro não tecer comentários.
O senhor é sempre lembrado por ser irmão de Gilberto Lucena, empresário da cidade apontado na Caixa de Pandora como tendo participação no suposto esquema de pagamento de propina à base aliada do governo. Tem receio de que o vínculo familiar se torne uma pecha?
Eu sou independente, ele (Gilberto) é independente. Ele responde pelos seus atos, como eu respondo pelos meus. Fui deputado esse tempo todo (11 meses) e nunca interferi contra ou a favor dele. Eu tenho a ver com o povo, eu não tenho nada a ver com a situação dele. Sou irmão dele e nada mais.
Para o senhor, foi uma surpresa ver o nome do próprio irmão envolvido na Caixa de Pandora?
Fico muito decepcionado com tudo o que ocorreu e o que possa estar ocorrendo, isso me deixa muito triste. Acho que a população precisa ser respeitada, quem entra para a política deveria pensar única e exclusivamente no povo.
Vai ser candidato em outubro?
Sem dúvida nenhuma. Eu tive votos suficientes para ser deputado titular, fiquei entre os 24 deputados mais votados, mas não entrei. Vou ser candidato até para sentir o gosto de ser titular.
É muito ruim ficar ao sabor do titular?
É frustrante. Nos últimos anos em Brasília, o suplente não tem vez, é vazio, vazio, vazio;