Uma Justiça Eleitoral didática, de ação preventiva e esclarecedora, em que a punição será exemplo e não um objetivo. Foi com esse tom moderador, desprendido de clamores partidários e distanciado de provocações para confrontos, que assumiu ontem a nova gestão do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF). O desembargador João Mariosi, na presidência, e o desembargador Mário Machado, na vice e na corregedoria eleitoral, serão os maestros a reger o processo eleitoral no DF neste ano. ;Darão o ritmo e o tom da orquestra;, comparou o procurador eleitoral, Renato Brill.
Em seu discurso de posse, Mariosi comparou o processo de votação como uma rodovia rumo à democracia, em que a Justiça Eleitoral poderá estar em duas posições. ;Na primeira, estaria no início da grande reta, alertando a sua vigilância com transparência e o erro seria punido como exemplo. Na segunda, ficaria após a curva da grande reta, para castigar e punir como objetivo principal. Seria translúcida. Escolhemos a primeira opção;, afirmou Mariosi.
Saiu do TRE-DF a decisão histórica que cassou o primeiro governador no país por infidelidade partidária. José Roberto Arruda perdeu o mandato com o julgamento do processo que teve como relator o desembargador Mário Machado. ;Esta posse é uma segurança para a população brasiliense. Segurança de que as eleições serão conduzidas por dois magistrados abnegados e que o TRE do Distrito Federal continuará a ser um dos mais operantes e eficientes do Brasil, pois eles serão firmes nas suas decisões;, destacou o juiz João Egmont, que é membro da Corte e fez um discurso de recepção aos novos dirigentes.
;Nossa meta é garantir o bom nível da campanha. A estrita observância da lei, o respeito entre os candidatos. Que o bom senso seja usado por eles;, disse o corregedor Mário Machado. O desembargador Mariosi ainda destacou, no seu discurso, a importância da política. ;Muitos criticam a sociedade pelo fato de se buscar a representação política. No entanto, Toynbee (Arnold Toynbee, historiador britânico) já afirmava: ;O maior castigo para aqueles que não se interessam por política é que eles serão governados por aqueles que se interessam;;. E completou: ;O dever de casa da Justiça é garantir a liberdade de escolha.;
O procurador eleitoral Renato Brill reforçou: ; A democracia só é garantida com a supremacia do Judiciário. Com tantas carências a serem atendidas, o povo ainda está imune às índoles do poder e, por isso, vota mal, vota em troca de qualquer favor. Isso é um reflexo dos nossos maus governantes;. Estiveram presentes à cerimônia o presidente do Tribunal de Justiça do DF, desembargador Otavio Augusto; a vice-governadora Ivelise Longhi; o presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima; e presidente da OAB-DF, Francisco Caputo.