A correlação de forças na Câmara Legislativa começa a ser definida. O presidente da Casa, Wilson Lima (PR), anunciou ontem a formação de um ;bloco independente; ao governo, composto por ele e outro cinco distritais ex-governistas: Jaqueline Roriz (PMN), Milton Barbosa (PSDB), Raimundo Ribeiro (PSDB), Paulo Roriz (DEM), Eliana Pedrosa (DEM). O novo grupo foi fechado durante um almoço no Carpe Diem, na Asa Sul. ;Somos um bloco independente que está preocupado com a situação de Brasília. Não vamos ficar olhando para os nossos umbigos pensando nas eleições de outubro. Esse é um caminho inverso ao do povo;, justificou o presidente. Na prática, a formação deverá atuar como oposição ao novo governo.
Integrantes do novo bloco foram os primeiros a chegar ao plenário para a sessão ordinária de ontem, que não durou 10 minutos. Lima abriu e encerrou a sessão por falta de quorum. Ao todo, contando com três deputados que estavam na Comissão de Direito do Consumidor no mesmo horário, dos 24 distritais, apenas oito compareceram. ;Quero saber se a campanha (política) já começou. Os deputados precisam tocar as coisas na Casa;, criticou Paulo Roriz. Ele sugeriu ao presidente que reunisse os líderes partidários para acertar uma agenda de votações no plenário. ;São sempre os mesmos que faltam à sessão. Acho que eles (deputados governistas) estão mais preocupados com os acertos (eleitorais) com o governo;, avaliou Wilson Lima.
O democrata Raad Massouh deixou claro que não faz parte do bloco independente. ;Não fui convidado para o almoço e, mesmo que fosse, não iria. Não quero fazer apoio nem oposição antes de dar oportunidade para o novo governo;, afirmou. O DEM tem reunião da executiva regional hoje para discutir a relação com o governo Rosso e outros assuntos.
O líder do PT, Paulo Tadeu, chamou o novo bloco de ;oposição B;. ;Nós é que somos a oposição;, disse. Na semana passada, o discurso em plenário dele e do vice-presidente da Casa, Cabo Patrício, sinalizou que o partido, até então, não teria batido o martelo sobre a aliança com o PMDB. Os petistas atacaram a lentidão do governador Rogério Rosso (PMDB) para cumprir os compromissos firmados na Carta de Brasília, assinada por 10 partidos e apresentada durante a eleição indireta para o Buriti como condição para apoio político. No entanto, a oposição petista na Câmara pode ser revista na convenção (1) do partido.
PR e PSC
O novo bloco de oposição na Câmara é um reflexo dos acordos políticos feitos fora do âmbito legislativo. O PR anunciou ontem apoio ao PSC, que tem como presidente de honra Joaquim Roriz. Isso confirma a presença do deputado federal Jofran Frejat (PR) como pré-candidato a vice-governador na chapa de Roriz. A dobradinha pretende puxar os votos do pré-candidato do PT, Agnelo Queiroz. A saúde pública será tema tanto do palanque do petista quanto de Frejat, que já foi secretário de Saúde do DF várias vezes.
1 - Votos
No próximo fim de semana, o PT vai decidir formalmente se aceitará o PMDB, grande adversário nas últimas cinco eleições, como parceiro na disputa ao Executivo local no pleito de outubro. Os delegados petistas discutirão, no auditório da Legião da Boa Vontade (LBV), se vão ou não se coligar no DF com as siglas que, em nível nacional, apoiarão a candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República. Na prática, será uma votação sobre a possibilidade de ter um peemedebista como vice na chapa liderada por Agnelo Queiroz. O nome mais cotado é o do presidente regional do PMDB, Tadeu Filippelli.
CPI à espera de um presidente
Há um mês sem presidente, desde a saída de Eliana Pedrosa (DEM), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Codeplan da Câmara Legislativa tentará hoje, mais uma vez, eleger um nome para o cargo. O último acordo para colocar um integrante da comissão na vaga teria perdido validade depois do depoimento do ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa à Comissão de Ética. Ele citou o deputado Batista das Cooperativas (PRP) ; que até então era cotado para ocupar a Presidência ; como um dos recebedores de propina para votar a favor de projetos de interesse do Executivo.
O distrital tem interesse em ocupar o cargo para ter mais força de negociação com o governador Rogério Rosso (PMDB), que presidiu a Codeplan até poucos dias depois da divulgação das denúncias da Operação Caixa de Pandora, em novembro de 2009. Batista decidiu de última hora votar no peemedebista na eleição indireta para governador do DF, mas teria ficado contrariado por ter sido preterido em indicações feitas pelo Executivo. Mesmo após as acusações de Durval, o deputado mantém a candidatura à Presidência da CPI.
Se o nome de Batista não vingar, a tarefa de definir o novo presidente será na base da eliminação. Paulo Tadeu (PT) está impedido porque já é o relator e Raimundo Ribeiro (PSDB) declarou que não quer a função. Sobram os governistas Aguinaldo de Jesus (PRB) e Cristiano Araújo (PTB). O petebista foi indicado para integrar a comissão pelo presidente da Câmara, Wilson Lima (PR), mas até ontem à noite ainda não tinha decidido se iria se juntar aos colegas. O deputado chegou a dizer que não assumiria, mas preferiu aguardar a bênção de Rogério Rosso para entrar na comissão. ;Se ele não aceitar, faço outra indicação;, afirmou o presidente da Casa.
Enquanto a CPI tenta sobreviver, técnicos continuam a analisar as informações obtidas nos documentos recebidos da Codeplan e no cadastro dos gastos do GDF. Eles finalizam hoje os questionários que serão enviados para 41 pessoas, entre elas os ex-governadores José Roberto Arruda e Joaquim Roriz (PSC), deputados distritais e secretários de Estado. (LM)
Durval condenado
O juiz da 1; Vara da Fazenda Pública do DF condenou por improbidade administrativa Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Intitucionais do GDF e delator do esquema que deflagrou a Operação Caixa de Pandora, e ex-integrantes da diretoria da Companhia do Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan) ; Danton Eifler, Ricardo Lima e Aberones da Silva. Os réus perdem os direitos políticos por três anos, bem como ficam proibidos de firmar contrato com o Poder Público pelo mesmo tempo e de assumir função pública por cinco anos. Também há multa no valor de 12 vezes o salário recebido quando ocupavam cargos no GDF. Os réus foram condenados por burlar a licitação da substituição da Manchester Empresa de Serviços Gerais pela Call Tecnologia e Serviços como fornecedora de telemarketing à Codeplan. Ainda cabe recurso.