De hoje até sábado, produtores rurais têm a oportunidade de observar o que existe de mais novo em técnicas de plantio, cultivo e criação de animais para o clima do cerrado. Também podem ver os últimos lançamentos em matéria de máquinas e equipamentos agrícolas. Acontece nesta terça a abertura da terceira edição da Feira AgroBrasília, a maior do setor no Centro-Oeste. Este ano, a organização do evento espera movimentar R$ 100 milhões em negócios, contra os R$ 80 milhões contratados em 2009, e atrair 30 mil visitantes contra 20 mil no ano passado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve comparecer à cerimônia de abertura do evento, às 11h.
A AgroBrasília, que ocorre anualmente no Parque de Exposições do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (PAD-DF), no quilômetro 5 da BR-251, é realizada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF), da Secretaria de Agricultura, e pelos produtores rurais da região do PAD, área de 61 mil metros quadrados às margens da BR-251, na qual são plantados majoritariamente grãos. O local é considerado referência em tecnologia para esse tipo de cultivo. Inovações feitas por plantadores do PAD ajudaram o DF a alcançar índices de produtividade para soja, milho e feijão que superam a média nacional (veja quadro).
Além de produtores rurais do DF e do Centro-Oeste, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) terá espaço para mostrar novidades na feira. Instituições que atuam nos ramos de genética, sementes e maquinário para o campo completam o quadro de 290 expositores deste ano. Eles ocuparão uma área de 500 mil metros quadrados. No ano passado, foram 190 expositores e, em 2008, 100. Os bancos do Brasil (BB) e de Brasília (BRB) terão estandes para apressar a liberação de financiamentos.
;Esse evento tem toda uma simbologia, porque o PAD-DF é o berço da agricultura de ponta para o cerrado brasileiro. Aqui, foram desenvolvidas variedades de grãos específicas para o clima da região central. Do DF, elas foram exportadas para Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Maranhão e sul do Piauí. Antes, a tecnologia existente no Brasil para plantar milho e soja destinava-se somente ao clima tropical;, explica Wilmar Luís da Silva, secretário de Agricultura.
O secretário destaca que a AgroBrasília foi criada há três anos com o objetivo de resgatar o sentido das feiras agrícolas. ;A finalidade deve ser divulgar tecnologia, trocar experiências e fechar negócios. Por isso, não temos atrações musicais nem bebida alcoólica aqui. As pessoas estarão vindo exclusivamente ver inovações;, declara.
Organização familiar
O presidente da Emater-DF, Dilson Resende, informa que este ano a AgroBrasília terá uma área de 38 mil metros quadrados reservada especialmente a quem sobrevive da agricultura familiar(1). Maquinário de menor porte, com preços mais baratos e financiamento facilitado, por exemplo, estarão expostos para esses produtores. Além disso, estandes serão dedicados a oito temas voltados especificamente para eles: alimentos, horticultura e fruticultura, gado leiteiro, agroecologia, qualidade e sabor, organizações sociais, circuito do leite, floricultura e carne. Os espaços serão ocupados pela Embrapa, por empresas privadas e por alguns pequenos agricultores que vão expor suas criações.
A feira, que costuma receber público do DF e de outros estados do Centro-Oeste, este ano, vai contar com público internacional. Para quinta-feira, terceiro dia de exposições, está prevista a visita de 53 ministros da Agricultura e áreas afins de países africanos (veja Para saber mais). ;Eles vêm a convite do governo brasileiro e têm intenção de conhecer a nossa tecnologia para aplicar ao clima da savana, semelhante ao do cerrado. Os africanos plantam e criam com tecnologia europeia, o que não dá certo para eles;, diz o secretário.
Ronaldo Triacca, produtor de grãos da região do PAD e coordenador da AgroBrasília, afirma que os empreendedores rurais estão animados com a edição deste ano do evento. ;É uma feira que cresceu e se tornou importante em um espaço de tempo curto.;
1 - Empreendedores
O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) define agricultor familiar como sendo um empreendedor rural que utiliza predominantemente mão de obra da família em suas atividades econômicas e tenha a maior parte da renda originada da produção de suas terras. O tamanho máximo para que uma propriedade seja considerada familiar varia segundo unidades de medida municipais e estaduais. No DF, são 20 hectares. Produtores com esse perfil certificados pelo MDA têm direito ao crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail pronaf@mda.gov.br
Cenário rural candango
- Existem 19,2 mil produtores rurais no DF. Desses, 86,7%, ou seja, 16,6 mil, têm propriedades consideradas de pequeno porte, com até 20 hectares
- 2,44% têm de 100 a 500 hectares de terras
- Apenas 0,44%, 85 proprietários, têm imóveis com mais de 500 hectares de terras
- A produção rural mais expressiva do Distrito Federal é a de grão.
- A produtividade fica acima da média nacional
Para saber mais
Interesse africano
A visita dos ministros africanos de Agricultura ao Brasil objetiva estabelecer conversa com representantes do governo brasileiro sobre tecnologia e pesquisas acerca de produção de alimentos e de combate à fome. Eles estão no Brasil desde ontem, no evento Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, que vai até quinta-feira. O encontro é parte da política do presidente Lula de incentivar a agricultura a partir da assistência técnica a países menos favorecidos. As reuniões dos líderes serão alternadas no Itamaraty e na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Além dos debates nesses locais, os ministros visitam a AgroBrasília na quinta-feira para conhecer inovações tecnológicas no setor.