A servidora do Hospital de Base acusada de furtar medicamentos avaliados em R$ 30 mil foi indiciada ontem pela Polícia Civil. Como o Correio mostrou na edição de domingo último, a funcionária pública teria falsificado uma receita médica para levar 75 ampolas de antibiótico da farmácia central da maior unidade hospitalar do Distrito Federal. Ela será interrogada na 5; Delegacia de Polícia (área central de Brasília) e responderá por peculato(1), cuja pena varia de dois a 12 anos de detenção.
A acusada pelo desvio de medicamentos terá que depor, mas ainda não há data para o interrogatório. O delegado-chefe da 5; DP, Laércio Rossetto, quer investigar a existência de um mercado paralelo de venda de remédios e material hospitalar desviados dos hospitais públicos do Distrito Federal. ;Queremos saber se esta é só a ponta do iceberg. Caso fique comprovada a existência de um esquema, vou mandar cópia do inquérito para a Divisão de Crimes contra a Administração Pública;, afirma Rossetto. O delegado não quis divulgar o nome da servidora acusada antes de o caso ser analisado pela Justiça.
Tempo de casa
A funcionária indiciada por furto tem 46 anos de idade e está na rede pública de saúde há 22. De acordo com as investigações, ela teria falsificado a assinatura e o carimbo de uma médica que trabalha no Hospital Regional de Sobradinho. Além disso, a acusada usou o nome de um falso paciente para retirar os produtos da farmácia central. À polícia, a servidora disse que inventou a história apenas para testar a segurança da farmácia do Hospital de Base. Mas os argumentos não convenceram os investigadores, que decidiram indiciá-la. ;Até mesmo pelo alto valor dos produtos, percebemos que a intenção era a venda posterior no mercado paralelo. A história de testar a segurança não convenceu;, acrescenta o delegado-chefe da 5; DP.
Apesar do indiciamento, a funcionária acusada de furto não foi demitida da rede pública de saúde. Ela responde a um processo administrativo, ainda em fase de conclusão. A Secretaria de Saúde também aguarda o fim de uma sindicância realizada na farmácia para determinar o destino da funcionária acusada de desviar remédios. Na edição de domingo, o Correio mostrou que o desvio e os furtos de materiais (incluindo medicamentos) nas unidades de saúde podem ter causado um prejuízo de R$ 70 milhões aos cofres públicos no ano passado.
1 - Mais rigor
A punição dos crimes contra a administração pública, em que o servidor se aproveita do cargo para roubar, é mais rígida do que os casos de furto comum.
Se não tivesse emprego no governo, ela ficaria presa por, no máximo, quatro anos.