Cidades

Afastados funcionários do hospital de Cristalina

Luiz Calcagno
postado em 06/05/2010 08:29
O Ministério Público do Goiás (MP-GO) apreendeu ontem diversos documentos no Hospital Municipal Chaud Sales, em Cristalina. Na terça-feira, promotores encontraram sete fetos e restos de material biológico conservados em formol, em um banheiro desativado do hospital. A unidade de saúde está sendo investigada há cerca de um mês. O MP pretende cruzar os dados dos materiais apreendidos com as informações que foram catalogadas pelo hospital. Erros na condução de partos também são investigados e, conforme publicado pelo Correio na última quarta-feira, existem suspeitas, inclusive, do funcionamento de uma clínica de aborto no local.

O único hospital da cidade recebe verbas do município, do estado e da federação, sendo as verbas federais repassadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a promotora de Justiça Marizza Maggioli, a contraposição entre o material biológico e a documentação dos procedimentos deve comprovar se houve irregularidades na utilização da verba pública e também se foram realizadas cirurgias clandestinas. ;É preciso checar se os materiais colhidos geraram a documentação necessária para controle, inclusive sanitário. É possível que tenham sido realizados procedimentos sem nenhum documento;, afirma Maggioli.

Alguns funcionários do centro cirúrgico foram afastados do trabalho. Ao todo, foram dois servidores da área administrativa, seis médicos e10 profissionais da área de enfermagem. O Ministério Público ainda não ouviu os funcionários. O diretor do centro clínico, Dionel Guimaraes, foi exonerado do cargo na terça-feira. A promotora explicou que os depoimentos só serão tomados depois de concluída a etapa de coleta das provas. Questionada sobre a possibilidade de o local ter sido utilizado para a realização de abortos, a promotora disse que ainda é cedo para confirmar a suspeita. ;Ainda não é possível nenhuma conclusão, é temerário dizer que se trata de uma clínica de aborto clandestina. Quando terminar a apreensão, vamos ouvir os investigados, as testemunhas e até quem sofreu os procedimentos;, explica.

O hospital continua funcionando, mas a Secretaria de Saúde do município trabalha para recompor o quadro de funcionários, que ficou defasado após os afastamentos. O secretário da pasta, Ricardo Alvarenga, disse que está prevista para amanhã uma reunião do Colegiado de Gestão de Saúde do Entorno, que contará com a presença de secretários de saúde das cidades do Entorno. No encontro, a situação do hospital será discutida. ;O material biológico foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Luziânia. A prefeitura criou uma comissão administrativa para apurar os fatos. Vamos montar um processo para cada funcionário e investigar caso a caso, para ver quem é responsável e inocente;, afirmou.

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