Tão importante quanto usar o assento é escolher e instalar corretamente o equipamento. ;Nós estamos comemorando a resolução. Com certeza, vai evitar as mortes e ferimentos graves em crianças. É um grande passo para o Brasil;, avalia a coordenadora nacional da ONG Criança Segura, Alessandra Françóia.
Segundo a especialista, é importante que o pai escolha o modelo adequado à faixa etária e ao peso da criança. Tais informações devem estar no manual de instrução do fabricante. É fundamental escolher um produto com o selo de qualidade do Inmetro(1). E procurar uma loja que ensine a instalar o equipamento ajuda muito.
Presidente do Instituto de Segurança no Trânsito (IST), David Duarte não tem dúvidas sobre a segurança das cadeirinhas no transporte das crianças. Mas também ressalta que os pais ou responsáveis devem estar seguros de que o equipamento foi bem-instalado. ;No Brasil e no mundo existem relatos trágicos de bebês que ficaram tetraplégicos após sofrer em acidente porque eram transportados de forma inadequada. Como as crianças não estão com a musculatura do pescoço bem desenvolvida, uma freada mais brusca pode provocar lesões graves;, explicou.
Alguns estudos de simulação de acidentes revelam que o tempo médio de reação de um adulto é de três quartos de segundo, índice considerado lento para evitar a colisão. E, ainda que o adulto pudesse reagir rapidamente, uma criança que pesa 10kg, em um acidente a 50 km/h, seria projetada com um peso equivalente a 500kg. No colo de alguém, ela poderia ser esmagada ou arremessada contra outros passageiros, contra o vidro dianteiro ou para fora do veículo.
Birra é em vão
Vinícius tem três anos e passear de carro, para ele, é uma grande diversão. Mas nem sempre o menino está disposto a ficar na cadeirinha. Vez por outra, sua mãe, a dentista Karina Silva de Andrade, 32 , se vê às voltas com o choro e os pedidos dele para sair do equipamento. ;Comigo não tem negociação. Passeio de carro, só na cadeirinha;, comenta.
[SAIBAMAIS]Karina usa equipamentos de segurança para transportar Vinícius desde que ele nasceu. Primeiro, foi o bebê conforto. Agora é a cadeirinha e, daqui a algum tempo, será a vez do assento de elevação e do cinto de segurança. ;Nunca deixei meu filho solto no carro. Acho muito arriscado e tenho medo de, em caso de acidente, ele voar e ir direto para o para-brisa.;
Apesar dos avanços contidos na Resolução 277 do Contran, os veículos de transporte coletivo, de aluguel, táxis e veículos escolares não são obrigados a oferecer o dispositivo de segurança. ;Qualquer exceção é risco, especialmente no caso dos veículos escolares;, alertou Alessandra Françóia.
Wagner Carvalho Júnior, secretário do Sindicato de Transporte Escolar do DF, explica que instalar esse tipo de equipamento é complicado porque não existem estudos no Brasil que comprovem a eficiência deles também em vans ou micro-ônibus. ;Os assentos desses veículos têm dimensões diferentes das dos carros de passeio. Antes de haver qualquer exigência, imagino que o governo deverá fazer testes para comprovar que são seguros, apesar das diferenças dos veículos;, diz.
1 - Inmetro
É o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial.