Jornal Correio Braziliense

Cidades

Jovens na faixa dos 30 anos assumem a direção das empresas dos pais e dão um toque de renovação e ousadia

Existe vida além do serviço público em Brasília. Jovens que pegaram carona no negócio dos pais ou fizeram nascer a própria empresa provam que os concursos não são a única alternativa para a juventude da cidade. À frente de bares e restaurantes, lojas do varejo e empresas da indústria moveleira, da construção civil e do mercado imobiliário, homens e mulheres na faixa dos 30 anos, nascidos, criados e formados na capital cinquentona, protagonizam uma mudança de cultura e fortalecem o espírito empreendedor em um ambiente administrativo.

Os jovens empresários ajudam a enfraquecer a tese de que competência e experiência estão atreladas à idade. Com mais oportunidade de formação e motivados por uma cidade fértil para boas e novas ideias, eles conquistam espaço e servem de exemplo para outros, quando dão certo. ;Chegou a hora da nossa geração;, define Marcelo Moraes, 34 anos, que gerencia as nove lojas da Free Corner no Distrito Federal e uma produtora de eventos, além de prestar consultoria no ramo de energia elétrica. O tino comercial ele puxou do pai, o empresário Antônio Augusto de Moraes.

Não são raros os casos de empresas familiares hoje administradas pelos filhos. Os herdeiros abraçam a causa por tradição, estímulo ou vocação, mesmo que forçada pela convivência. ;Não basta ser filho, tem que saber gerenciar, provar todo dia que dá conta. A pressão é ainda maior;, comenta Tatiana Moura, presidenta da Associação dos Jovens Empresários (AJE) do DF. Aos 28 anos, ela toca uma agência de publicidade e marketing, que abriu sete anos atrás, e uma empresa na área de treinamento.

Outros caminhos
O Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Sebrae) do DF divulgou, em julho do ano passado, 36 alternativas (1)para quem quer entrar no mundo dos negócios em Brasília. Um levantamento atualizado deve ser concluído ainda este ano. A consultora Maria Auxiliadora Umbelino, coordenadora do Núcleo do Talento Empreendedor Universitário do Sebare, adianta que a cidade continua carente de negócios arrojados, ousados e inovadores.

Para alcançar o sucesso, porém, não basta aos jovens sonhar. Maria Auxiliadora reforça a importância da formação92). O Sebrae possui parceria com sete faculdades, onde ocorrem cursos e palestras que aproximam os universitários do mercado. Em relação aos filhos de empresários, característica marcante em Brasília, ela comenta: ;Por mais que a pessoa tenha envolvimento no negócio da família, ela precisa trabalhar as habilidades. Muitas vezes o jovem está em um lugar propício, mas não desperta;.

Assim que se formou em administração, em 1999, Júlio Coqueiro começou a ajudar o pai na loja de materiais de construção aberta oito anos antes, em São Sebastião. Logo ele informatizou o sistema da empresa e deu início a um projeto de crescimento. Hoje são cinco unidades no DF e duas em Goiás. ;Pelo meu pai, ficaríamos apenas com a primeira loja;, diz Júlio, 34 anos. ;Peguei o caminho dele, mas tenho meu próprio trilho;, completa.

Jeremias César Neto, 31 anos, formado em direito, também seguiu os passos do pai. Depois que resolveu apoiá-lo, a lanchonete Zimbrus deslanchou. Hoje, Jeremias conduz um grupo de sete bares e restaurantes na cidade. ;Não é só ambição financeira, sou movido pela vontade de fazer negócios;, comenta o jovem empresário. A quem pretende se aventurar no comércio, ele deve analisar muito o mercado e se munir de conhecimentos, antes de abrir qualquer negócio.

A Setemares, marca brasiliense, ganhou ainda mais força quando Marcelo Ferreira, 31 anos, tomou a frente da empresa, fundada pelo pai. Após atuar como vendedor, caixa, estoquista e gerente, ele virou sócio, em 1997. O pai confiou no filho e hoje toca outras empresas. ;Minha referência profissional é meu próprio negócio. Não sei fazer outra coisa. É disso que gosto e é assim que sei ganhar dinheiro;, avalia Marcelo, que levou a Setemares para Planaltina e, em Goiás, para Valparaíso, Goiânia e Catalão.

Caçula do grupo ouvido pelo Correio, Daniel Vieira, 26 anos, se descobriu empresário quando a mãe abriu uma franquia de restaurante e começou a ajudá-la. O publicitário largou o emprego na área e assumiu o caixa. ;Quando vi, já estava administrando o restaurante inteiro;, lembra ele, que em outubro do ano passado abriu o 4Doze Bistrô, na 412 Sul. ;Não quero só ganhar dinheiro, quero criar muito mais. Ainda tem muita coisa para acontecer;, vislumbra.


1 - Oportunidades
Levantamento inédito mostrou que, no DF, faltam empreendedores e sobram oportunidades de negócios em áreas como clínicas de estética, lojas de presentes, treinamento empresarial, galerias e centro sde artes, escolas de idiomas para crianças, loja de cosméticos, entre outras.


2 - Cursos
O Sebrae oferece diversos cursos e palestras nas áreas de finanças, marketing, logística e outros campos do conhecimento. A intenção é tornar o jovem mais preparado para encarar o mercado de trabalho. Outras informações pelo site www.df.sebrae.com.br ou pelo telefone 0800 5700 800.