Um simples almoço. Isso foi o máximo que a dona de casa Maria Lúcia Souza Lopes fez para comemorar o aniversário de 55 anos. Mãe de Márcio Luiz de Souza Lopes, 19 anos ; um dos seis jovens mortos em Luziânia, município goiano a 66 km de Brasília ; ela estava apreensiva por ainda não ter tido acesso ao exame de identificação do corpo do filho, que está sendo feito pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia Federal. O prazo final firmado com os familiares para a divulgação dos resultados dos testes de DNA ósseo se encerrou ontem. Até o momento, no entanto, a PF confirma apenas ter concluído um dos seis exames e identificado um dos corpos, mas não revela a identidade da vítima.
O exame seguiu lacrado do INC para as mãos do delegado Hellen Weslley Almeida Soares, da PF. Cabe a ele encaminhar os resultados à Polícia Civil de Goiás e também ao Instituto Médico Legal de Luziânia (IML) para que os corpos sejam liberados. O IML do município goiano negou que tenha recebido o resultado do primeiro laudo, mesmo discurso adotado pela Polícia Civil. ;Minha mãe está chegando amanhã de Minas para o enterro e já tem um monte de gente da família aqui. Eles só vão embora quando a gente enterrar o corpo, mas desse jeito a gente nem sabe quando vai ser;, considerou Maria Lúcia.
A Polícia Federal se afastou do caso alegando não concordar com os métodos de trabalho dos agentes goianos, que, segundo a PF, expuseram de maneira excessiva o assassino confesso dos garotos, o pedreiro Ademar Jesus da Silva. Em virtude disso, os federais se negam agora a prestar novas informações a respeito do caso. A demora para a liberação dos resultados chega a despertar esperança em algumas das mães. ;Vai que o corpo do meu filho nem é um desses. Estou achando muito estranha essa demora toda. Com esse suspense, a gente já começa a pensar que não são eles ou que está faltando algum;, indigna-se Aldenira Alves de Souza, mãe de Diego Alves Rodrigues, 13 anos, outra vítima.
[SAIBAMAIS]Cansada de esperar por respostas ; vinte dias após ter sido anunciado o recolhimento do corpo de filho na Fazenda Buracão ; Sônia Vieira Azevedo Lima, mãe de Paulo Victor Azevedo Lima, 16 anos, preferiu se afastar da cidade para tentar descansar. ;Só queremos enterrar os nossos filhos;, lembrou. As covas que devem receber os corpos dos garotos estão prontas e os caixões, reservados. As fotos que estamparão as lápides também já foram confeccionadas. Os corpos devem ser enterrados dois dias após a identificação, para que as mães tenham tempo de avisar aos familiares e organizar a cerimônia. Para a próxima semana, as mães planejam realizar um ato público para cobrar mais agilidade na liberação dos laudos. Na última quinta-feira, com o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil, elas estiveram no IML protocolando um ofício que solicitava justamente mais empenho para a conclusão do caso.