Academia, piscina, sauna, espaço gourmet, churrasqueira, lan house, brinquedoteca. Essas são algumas das comodidades disponíveis nas áreas de lazer cada vez menos básicas de condomínios residenciais. Em regiões nobres de Brasília, proprietários de apartamentos em prédios que não foram vendidos na planta com opções do tipo tratam de se articular para incrementar a estrutura da área comum. Nas áreas mais distantes da zona central onde proliferam novos empreendimentos imobiliários ; Samambaia, Águas Claras e Ceilândia são exemplos ; oferecer diversão e serviços os mais variados possíveis virou fator determinante para tornar o imóvel mais atraente aos olhos do comprador.
Tanto conforto tem um preço. Espaços de lazer encarecem a taxa de condomínio, o que desagrada a alguns moradores. Dependendo da região do Distrito Federal, o custo mensal da tarifa pode atingir valores que vão de R$ 1,5 mil a R$ 1,8 mil, preço do aluguel de um bom apartamento de três quartos na Asa Norte ou na Asa Sul. O valor impressiona, mas é condizente com a realidade local.
Inflação
Com uma população de alto poder aquisitivo, Brasília fica à frente de outros estados e supera a média nacional no quesito custo de vida. Somente neste ano, até março, o custo da taxa de condomínio no DF subiu 3,26%, segundo a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice acumulado de custo de vida no primeiro trimestre no DF ficou em 0,76%. O percentual é também quase três vezes maior do que o registrado para o mesmo item no país, que ficou em 1,66%.
A produtora rural Margareth Fabiana Alves Gonçalves, 49 anos, sente na pele o ônus da convivência com uma taxa de condomínio que alcança o patamar de um aluguel. Ela comprou um apartamento na Quadra 300 do Sudoeste, uma das mais valorizadas do bairro nobre da capital, para viver com a família e de olho no preço futuro do bem.
Ser proprietária de uma unidade ampla e confortável deixa a produtora rural feliz, mas traz muitos gastos, alguns deles dispensáveis na sua opinião. O prédio onde fica o apartamento de Margareth tem uma cobertura comum equipada com churrasqueira, sauna, piscina e academia de ginástica. O bloco também tem playground e segurança 24 horas. Tudo isso eleva a tarifa mensal de condomínio, livre de taxas extras, a R$ 1,8 mil. O aluguel de um apartamento no prédio custa aproximadamente R$ 8 mil.
Procura
;Acho desnecessário, exagerado, mesmo frente ao valor alto do imóvel. Usei a academia umas duas vezes na vida. Sou adepta da socialização fora de casa;, diz. Segundo a produtora, nos próximos dias, os condôminos devem se reunir para votar a criação de um espaço gourmet na área comum. ;Vai ser mais uma coisa para encarecer a taxa;, prevê.
Proprietário de um apartamento na 114 Norte, onde mora, e síndico do prédio, Nazareno Farias tem uma opinião diferente da de Margareth. Com o esforço dele e de outros moradores, a área de lazer do prédio de Nazareno foi ganhando mais opções pouco a pouco. Atualmente, a cobertura tem duas piscinas aquecidas com energia solar, uma infantil e outra para adultos; uma academia; uma sauna e duas churrasqueiras. ;A procura pelo espaço é bem grande. Acredito que as pessoas estão interessadas em conforto, e isso também valoriza o imóvel;, argumenta. A taxa de condomínio no bloco onde vive o síndico é, em média, R$ 400, variando segundo o tamanho da área ocupada pelos apartamentos, de dois e três quartos. O aluguel de uma unidade custa em tornode R$ 1,6 mil.
"A procura pelo espaço é bem grande. Acredito que as pessoas estão interessadas em conforto, e isso também valoriza o imóvel;
Nazareno Farias, proprietário de um apartamento e síndico do prédio, na 114 Norte