Jornal Correio Braziliense

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Dia de descanso, bem longe da Esplanada

Quem mora fora do Plano Piloto e não foi ontem à festa na Esplanada dos Ministérios decidiu comemorar em casa, descansando e reunindo a família para o almoço. O comércio de rua e as feiras, que permaneceram abertas, também foram opções para aproveitar o dia longe do agito de Brasília. A aposentada Marenice de Lira, 57 anos, passou pela Feira da Ceilândia e ia direto para casa preparar a comida. ;Hoje (ontem) vai ser um dia normal, vou comer uma melancia, lavar roupa e descansar;. Com 41 anos de Brasília, Marenice lembra ainda do clima frio e bucólico da cidade nos primeiros tempos. ;Quando cheguei consegui um bom emprego e ia com frequência para as ;baladas;, como se diz hoje. Era muito seguro;, afirma.

Para a dona de casa e moradora da Ceilândia Ana Paula Bezerra, 32 anos, o 21 de abril é especial. ;Creio que Brasília como capital possui uma representatividade única no país e deve dar o exemplo. Eu sou filha de Brasília e essa data é muito importante para nós;, explicou. Ana Paula destacou um local da cidade que merece mais atenção dos governantes. ;Lembro-me muito da Piscina de Ondas (no Parque da Cidade) e queria levar meus filhos lá.;

Em Taguatinga, os moradores aproveitaram a quarta-feira de sol para curtir no Taguaparque. Ao lado das duas filhas e do marido, Luciana Juntolli, 34 anos, teve uma tarde de diversão e descanso. A dona de casa considera o cinquentenário um marco para a cidade. ;Foi um dia para lembrar o que a cidade oferece e o que pode melhorar;, afirma. Ana Carolina, 6, filha de Luciana, fez questão de elogiar Brasília. ;Gosto mais do Museu (da República), a gente correu lá dentro;, disse.

Na estação do Metrô de Furnas, em Samambaia, o movimento era grande. Os moradores da cidade aproveitaram a gratuidade do transporte para ir até a Esplanada. Os que chegavam disseram que passariam os 50 anos da capital com a família em casa. Para Simone Veiga, 36, apesar das comemorações, o dia seria de muito trabalho. ;Sou secretária, mas hoje vou fazer um bico de garçonete em Samambaia. Não vou ter descanso;, disse. Apaixonada por Brasília, ela não mudaria nada na capital, apesar dos problemas locais. ;Brasília cresceu comigo. Lembro do dia em que meu pai recebeu a bênção do Papa João Paulo II, foi marcante para mim;, explica.

Brasilienses de coração
A confraternização entre familiares foi o motivo que fez Adilson Souza, 55 anos, sair do Recanto das Emas rumo a Samambaia. ;Vou descansar, almoçar com a família;, explicou. O autônomo deixou o Nordeste com a família e chegou a Brasília com 5 anos de idade. ;Morei no Núcleo Bandeirante, na Vila Planalto e no Guará. Antigamente, era tudo mato. Juscelino Kubitschek me pegou no braço. Hoje, Brasília é uma maravilha;, ressaltou.

Na feira do Riacho Fundo I, houve trabalho e comemoração. A feirante Francisca Dias, 53 anos, veio da Paraíba e se encantou com Brasília à primeira vista. ;Vim para fazer turismo e já estou aqui há 30 anos;, explicou. Depois do trabalho, a feirante seguiria direto para casa, pois não considera a Esplanada tranquila para ir com a família. ;Se fosse há uns 20 anos, eu iria, mas hoje não dá. Algumas pessoas não vão com a intenção de se divertir. Vou descansar", disse.

Na Metropolitana (1) ,dentro do Núcleo Bandeirante, muito sossego em pleno meio de semana. A aposentada Janete Moreira, 63 anos, mora há 45 na região e há 47 em Brasília. "Há muitos pontos positivos na capital, além do fato de ser linda. Quando cheguei, só havia barracos no Núcleo Bandeirante. A cidade foi crescendo aos poucos;, recorda. Natural de Anápolis (GO), a moradora criou filhos e netos em Brasília.

Do Piauí para a Metropolitana, Rivelino da Silva, 31 anos, chegou a Brasília em 1997 e não considera a hipótese de sair da capital. ;Só tenho a agradecer por ser privilegiado com emprego, amizades e um local para morar. Tenho dois filhos e eles sabem o valor da cidade para os pais;, disse. ;Espero que Brasília faça ainda mais sucesso;, afirma.

1 - Acampamento que cresceu
Quase como um bairro do Núcleo Bandeirante, a Metropolitana teve a sua origem no acampamento montado para abrigar os engenheiros e os trabalhadores da Companhia Metropolitana de Estradas, empresa responsável pelas obras de terraplanagem da pista de pouso de aviões, futuro Aeroporto de Brasília. Com o crescimento populacional do Núcleo Bandeirante, a Metropolitana integrou-se ao tecido urbano da cidade.