Além de revelar a fragilidade em garantir a integridade física dos presos sob a tutela da Polícia Civil de Goiás, a morte do pedreiro Ademar vai dificultar ainda mais o trabalho dos responsáveis pela investigação dos assassinatos cometidos por ele em Luziânia. Nem a transferência de Ademar de Jesus Silva de Luziânia para a Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc), considerada a mais segura do estado, impediu o suicídio do criminoso.
Apesar de comprometer as investigações, o suicídio não encerra o inquérito. As dúvidas sobre o caso começam pela suspeita de que nem todos os corpos encontrados na Fazenda Buracão são dos seis jovens desaparecidos. A polícia goiana, porém, diz que não falará sobre o assunto até que a Polícia Federal conclua os exames de DNA, que cruzarão as informações genéticas das mães dos adolescentes com as dos restos mortais desenterrados na Fazenda Buracão.
Sétima vítima
Sobre a ossada encontrada na mesma área onde foram achados os seis primeiros corpos, agentes que pediram para não ser identificados revelam que, possivelmente, ao recolher os restos mortais das vítimas os policiais tenham deixado alguns ossos enterrados. A suspeita, no entanto, contradiz a afirmação do delegado-chefe do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), Rosivaldo Linhares, que garantiu serem de outra pessoa os ossos encontrados próximos às covas.
A possibilidade de Eric dos Santos, 15 anos, ser a sétima vítima do psicopata angustia os avós do garoto. Há exatos 30 dias, o estudante saiu de casa, no Parque Industrial Mingone, por volta das 11h, para dar uma aula de dança e não deu mais notícias aos pais. Segundo a mãe, a auxiliar de produção Benildes dos Santos, 50, ele não teria levado roupas nem documentos. Raimundo José dos Santos, avô do garoto, conta que o jovem teria falado sobre o interesse de morar sozinho. No entanto, acredita que, caso a saída fosse espontânea, o neto já teria retornado. ;Ainda acredito que ele está vivo;, diz. Policiais não descartam a possibilidade de que a ossada seja mesmo de Eric, por considerar o perfil do menino muito parecido com o dos demais jovens.
Sepultamento
As seis mães estiveram ontem no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Luziânia para acertar o sepultamento dos adolescentes. Apesar de a liberação dos corpos ainda não ter data definida, elas já escolheram as urnas, que serão iguais para todos, serão lacradas e terão uma foto de cada jovem. O Corpo de Bombeiros fará o cortejo pela cidade. As mães seguirão em carros e ônibus e está programado um buzinaço. A viatura sairá do prédio da Força Nacional, passará pelo centro de Luziânia e, depois, levará os corpos para o Cemitério de Luziânia. Apenas Flávio Augusto será enterrado no Gama, onde reside a família do pai dele. Sobre os caixões haverá ainda um exemplar da Bíblia.