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Cidades

MP critica exposição de Ademar e considera morte do pedreiro inadmissível

O Ministério Público criticou a exposição do pedreiro Ademar de Jesus Silva, assassino confesso de seis adolescentes em Luziânia, durante coletiva concedida na tarde desta segunda-feira (19/4), em Goiânia. Para o órgão, que vai acompanhar as investigações da polícia, é inadmissível que Ademar tenha morrido dentro da delegacia, e, por isso, o Estado pode ser responsabilizado.

"Como uma pessoa tão exposta arranjou tempo, espaço e instrumento pra se matar?", questionou o promotor de Luziânia, Ricardo Rangel. Para ele a morte de Ademar trouxe prejuízos à investigação da morte dos adolescentes, que ainda está em curso. "Ele saiu de Luziânia e veio para Goiânia porque ele era imprescindível à investigação e aos fatos e acontece esse tipo de ocorrência que, de certa forma, aniquila a investigação", afirmou o promotor.

[SAIBAMAIS]Rangel disse ainda que pode haver responsabilização, independente se houve ou não suicídio, já que Ademar estava sobre custódia e segurança do Estado. "Em tese, o Estado ao invés de pagar indenizações à família das vítimas, dos menores desaparecidos, poderá, quem sabe, pagar indenização para a família do Ademar. Olha que absurdo, não tem o mínimo cabimento", disse.

Para o promotor houve precipitação ao expor Ademar. "A primeira coisa era preservar as investigações e resguardar o sigilo do inquérito", disse. O Ministério Público vai acompanhar as investigações da polícia e segundo o procurador-geral de Justiça de Goiás, Eduardo Abdon Moura, já foram pedidos os DVDs das imagens do circuito interno da Denarc, a oitiva dos agentes de plantão, cópia do depoimento de Ademar à CPI da Pedofilia e a oitiva dos presos da cela vizinha. "Não há motivos para abrir uma investigação em separado. Vamos acompanhar o inquérito já aberto pela polícia", informou.

Além disso, o procurador-geral pediu a compreensão da família de Ademar, pois o corpo dele não será liberado até que todos os exames tenham sido feitos e os laudos concluídos. Enquanto isso, o corpo será preservado no Instituto Médico Legal (IML).

O promotor do grupo de repressão ao crime organizado, Carlos Luiz Wolff de Pina, informou que o MP continuará acompanhando as investigações. "Ontem acompanhamos as oitivas de três presos e reiteramos o requerimento dos exames da necrópsia em relação às vísceras e ao crânio. Todas as possibilidades são possíveis e serão investigadas nesse momento", ressaltou.