Jornal Correio Braziliense

Cidades

DF tem menor inflação do país

No acumulado dos três primeiros meses, o DF registrou um índice de 0,77%, o mais baixo entre as 11 cidades pesquisadas pelo IBGE. O percentual nacional ficou em 2,06%

Brasília registrou a menor inflação no acumulado do ano entre as 11 cidades pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para medir o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Mesmo assim, o peso dos aumentos nos três primeiros meses de 2010 não deixou de ser sentido na cidade. Em quatro grupos de despesas, a capital federal acumulou um percentual maior do que o da média nacional. Os gastos com alimentação e educação subiram menos em comparação ao restante do país, mas foram os que mais puxaram o índice geral.

Os itens de alimentação subiram em Brasília, em média, 3,35% desde janeiro, ante 3,69% do percentual nacional. Destaques para o tomate (28,53%), o açúcar cristal (27,48%), a melancia (44,42%), a laranja (33,81%) e o alho (14,97%). A explicação são as chuvas, que castigaram lavouras principalmente no Sul e Sudeste do país. Além de alagar plantações e dificultar o transporte, o excesso de água ajuda a proliferar pragas, o que diminui a oferta dos produtos e eleva os preços.

A gerente de pesquisa do IBGE, Irene Maria Machado, lembra que a inflação dos alimentos neste primeiro trimestre, que tem assustado não só o brasiliense, mas moradores de todas as regiões, supera o índice acumulado ao longo de 2009 ; no DF, 2,28%, e no Brasil, 3,18%. ;Subiu bem mais por causa das fortes chuvas, que atrapalharam as safras. Não podemos prever como os preços vão se comportar daqui para frente, vai depender do clima;, comentou Irene.

Chuvas
No último mês, a chefe de cozinha Patrícia Leão, 47 anos, passou a gastar o dobro com a feira da semana. A conta pulou de R$ 120 para quase R$ 240. ;Compro basicamente as mesmas coisas. Isso é assustador, estou preocupada;, disse ela, que faz questão de pesquisar os preços antes de começar a encher o carrinho. ;Se chove em um canto, acaba com tudo? Nossa país é gigantesco, não é possível. Se isso está acontecendo, tem alguma coisa errada;, argumentou.

Para o economista Roque Pellizzaro Junior, não há motivo para se preocupar com os recentes aumentos nos itens de alimentação. ;Quando a inflação é provocada por um fato específico e conhecido, como é o caso, não há problema;, sustentou ele, que preside a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Ele acrescentou que o fim do período chuvoso não resultará em queda imediata de preço. ;Existe um processo. É preciso esperar e não tem como ser diferente.;

O aumento médio de 5,30% nos gastos com educação é justificado pelo reajuste anual das mensalidades escolares. Porém, outros itens pesaram bastante. O valor dos cursos de idioma subiram 13,86% no acumulado do ano. Os cursos preparatórios ficaram 3,59% mais caros. A economista Patrícia Pontes, 48 anos, festeja a bolsa que a filha ganhou para pagar metade do preço no cursinho para vestibular. ;Se não fosse isso, eu não daria conta. A mensalidade passou de R$ 800 para R$ 960.;

As despesas com saúde e cuidados pessoais cresceram no DF mais do que no restante do país: 1,06% contra 0,86%. Em Brasília, ir ao médico ficou 2,40% mais caro no primeiro trimestre. O preço médio de perfumes encareceu 2,14%. O militar Vilmar Ferreira, 55, sentiu a inflação dos medicamentos (1). Ele precisa comprar quatro remédios todo mês. A conta, desde janeiro, passou de R$ 110 para R$ 140. ;A gente sente cada vez mais dificuldade para acompanhar os preços;, disse.

Os grupos transportes, vestuário e artigos de residência recuaram em Brasília. As despesas pessoais tiveram um aumento de 2,01%, contra 1,96% da média nacional. Puxaram a alta o aluguel de DVDs (8,85%) e o serviço de revelação e cópia de fotografias (4,84%). Os gastos com habitação (2) foram três vezes maiores, em comparação à média das outras cidades pesquisadas. A inflação do grupo comunicação também superou o índice nacional, graças à alta de 1,1% nas contas do celular.

1 - Em alta
No início do mês passado, a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) divulgou o reajuste médio de 4,6% no preço dos remédios a partir de 31 de março. O aumentou poderá ser aplicado aos cerca de 20 mil produtos com preços controlados pelo governo ; estão excluídos da lista apenas fitoterápicos e homeopáticos ;, mas os empresários costumam não aplicá-lo a todo o estoque.

2 - Peso das taxas
Na semana passada, o Correio mostrou, com base em dados do IBGE, que neste primeiro trimestre do ano a inflação da moradia no DF subiu 2,62%, quase três vezes mais do que a média nacional, que ficou em 0,91%. Encabeçaram a lista dos vilões a taxa de água e esgoto (3,98%), o desinfetante (3,90%), o aluguel residencial (3,78%) e a taxa de condomínio (3,26%.

Oriente-se
Pesquisar preços nunca é demais. Fique sempre de olho na concorrência

  • No caso de frutas e verduras, substitua os itens que ficaram mais caros por conta das chuvas por outros que não subiram tanto de preço.
  • Fique atento aos feirões que supermercados costumam realizar semanalmente. Em alguns casos, os preços baixos são associados a alimentos de baixa qualidade.
  • Faça a feira uma vez por semana, e não mensalmente. Assim, fica mais fácil perceber a variação de preços e aproveitar as promoções.
  • Se preciso, troque de marca de produtos para deixar a conta menos salgada.
  • Evite gastos desnecessários com despesas pessoais. O supérfluo costuma pesar no orçamento no fim do mês.