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Ossos encontrados na área da Fazenda Buracão são de outro corpo

A polícia de Luziânia admite que os ossos encontrados próximos às covas onde o pedreiro Ademar de Jesus Silva, 40 anos, confessou ter enterrado os seis jovens, são de uma pessoa. Seria o sétimo cadáver achado na área da Fazenda Buracão(1). A propriedade fica situada a 18km da entrada da cidade. Mas os investigadores descartam que a vítima, ainda não identificada, tenha sido morta pelo maníaco do Parque Estrela Dalva. Os restos mortais estão no Instituto de Medicina Legal (IML) do município. ;Aquele é um outro corpo, que não tem relação com os demais;, explicou o delegado-chefe do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops), Rosivaldo Linhares, que investiga o caso.

Entre os ossos achados pelos familiares das vítimas essa semana, havia um parecido com um fêmur (da coxa) e outro semelhante a uma patela (rótula), que compõe o joelho de um ser humano. As partes do provável esqueleto estavam a quatro metros de uma cova onde os policiais encontraram, com a ajuda de Ademar, outro corpo que seria de um dos jovens desaparecido, no domingo passado. ;A ossada não tem nada a ver com as demais porque não foi apontada pelo culpado;, afirmou Linhares.

Além do Ministério Público, da Polícia Federal e da própria direção da Polícia Civil, que anunciaram suspeitar que aquela região da propriedade particular, pode ser um local de desova de corpos humanos, o delegado Rosilvado Linhares também não descarta a hipótese. Tão logo soube do surgimento desse outro corpo na Fazenda Buracão, ele já tratou de intimar a proprietária da terra. ;Ela virá depor sobre esse local;, afirmou o policial, que pediu para que a identidade da dona da fazenda seja preservada.

Os parentes de Paulo Victor de Azevedo Lima, 16, o segundo jovem a sumir, retornaram à fazenda na quarta-feira à procura de pertences dele. Lá, encontram um par de sandálias que foi reconhecido pela família como sendo do menor. Segundo o cunhado da vítima, que pediu para não ser identificado, quando eles se preparavam para partir, avistaram as seis partes que supostamente compõem um esqueleto humano. Elas estavam enterradas em cova rasa. Os ossos foram recolhidos em um saco plástico preto.

Depoimentos
Com o assédio dos jornalistas, o jeito encontrado pelo delegado que preside o inquérito policial aberto para investigar os seis desaparecimentos, Juracy José Pereira (da 1; Regional de Goiânia), foi ouvir as testemunhas de madrugada. Ontem, o policial colheu o depoimento da irmã e dos amigos de Ademar. Embora ela tivesse a prisão temporária decretada, acabou liberada porque os policiais não estabeleceram a ligação dela com o crime que o irmão afirmou ter cometido.

A polícia não divulga o nome da irmã do suposto maníaco, que se mudou do Parque Estrela Dalva após receber ameaças dos vizinhos. O endereço onde esta reside também é mantido em sigilo. O nome dela surgiu como suspeito porque o celular de Paulo Victor estava em seu poder.

A semana que vem promete ser agitada em Luziânia. É aguardada a saída do laudo cadavérico e do resultado do DNA feitos nos corpos encontrados no domingo. ;Tanto um quanto o outro é de fundamental importância. O primeiro vai mostrar qual tipo de violência eles (os jovens) realmente sofreram, se foram abusados sexualmente. O outro é cabal porque, se der positivo, o caso estará praticamente elucidado;, acredita o promotor de Justiça de Luziânia, Ricardo Rangel.

Outra movimentação será conduzida fora do território goiano. Os policiais civis e federais vão percorrer cinco cidades onde Ademar passou antes de ser preso em Brasília em 2005. Os alvos são: Serra Dourada, Santana e Riachão, situadas na Bahia, Campinas e Perdizes, em São Paulo.

1 - Vale
A propriedade fica a 200 metros da BR-040, que liga o município a Brasília. O lugar abriga um vale com cerca de 100 metros de profundidade. Foi lá onde os corpos dos seis jovens estavam enterrados num raio de 300 metros.