Em um mês, conseguir 400 frascos de vidro de café solúvel e maionese vazios. Esse é o desafio do banco de leite do Hospital Regional do Gama (HRG), que recebe grande quantidade de leite materno, e doa para outros hospitais. Porém, sem recipientes adequados para tratar e armazenar o produto, há o risco de que a unidade tenha que rejeitar doações de mães para não correr o risco de desperdiçá-las. Em 20 dias de campanha, foram apenas 15 vidros doados. Atualmente, o banco conta com 600 potes, no congelador ou na pasteurização. O número ideal é de 1.000. Apenas 40 estão vazios.
O leite materno precisa ser pasteurizado para durar mais e garantir a saúde do bebê. Para pasteurizar determinada quantidade do líquido com qualidade, os potes precisam ser iguais (ou todos de café ou todos de maionese) e conter a mesma quantidade do produto. Para garantir a qualidade, os recipientes cheios passam por vários processos de resfriamento e aquecimento(1). Com isso, ficam mais frágeis e se desgastam muito rápido. ;Às vezes, também, uma mãe deixa cair. É preciso repor. Na semana passada, pegamos 30 do Hospital Regional de Taguatinga (HRT);, explicou a coordenadora do banco de leite do HRG, Luciana Guedes Ribeiro.
Cada frasco dura, em média, quatro meses. É o sacrifício pela garantia da qualidade do alimento. O leite chamado de cru, tirado da mãe, dura apenas 15 dias. Este pode ser armazenado em qualquer frasco de vidro. No entanto, o pasteurizado, que tem validade de até seis meses, precisa dos potes padronizados.
A coleta de vidros é realizada de segunda a quinta-feira. Um bombeiro do hospital busca os frascos na casa dos voluntários, se for preciso. De acordo com a coordenadora do banco de leite, o HRG está sempre em campanha para receber doações de recipientes e de leite materno. ;Nos períodos mais difíceis, temos que intensificar a busca. Conseguimos muitos em campanhas em colégios e igrejas. O retorno, desta vez, está baixo;, falou Luciana. No Hospital Regional do Gama, 100% das crianças são alimentadas com leite materno. ;O berçário conta com 19 crianças, e há mais 60 na maternidade. Os prematuros são os que mais necessitam;, alertou.
Mãe na luta
A recepcionista Bárbara Aline dos Santos, mãe da pequena Isabela Madelaine dos Santos, não tinha leite para a filha quando a menina nasceu, em 28 de março último. Os enfermeiros do banco de leite a ajudaram a estimular a própria produção. Hoje, Bárbara doa até 3,5 litros por semana para o banco do HRG. Ela também entrou na luta por doações de frascos. Para a mamãe, doar é um prazer. ;Até conhecidos meus estão ajudando. Uma professora minha está fazendo campanha na escola onde ela dá aula;, contou.
Bárbara pede que população se conscientize da necessidade de vidros no banco de leite. Segundo a recepcionista, só quem doa sabe o quanto é bom e importante. ;Comecei a ver a importância quando comecei a doar. Só assim eu vi o significado dos vidros. São quase tão importantes quanto o leite. Valem ouro;, afirmou.
1 - Qualidade garantida
O leite materno do banco passa por um rigoroso controle de qualidade. Primeiro, é analisado. Impurezas como pele ou fios de cabelo descartam o produto. Os bons vão para a pasteurizadora. Os vidros ficam em água quente a 62,5; Celsius por 15 minutos e depois são resfriados. Em seguida, técnicos verificam a acidez e se ainda existem microrganismos. Os que têm resultado positivo também são descartados. Os outros estão prontos para a criançada.
ONDE DOAR
Banco de leite do Hospital Regional do Gama (HRG)
Telefone: 3384-0337
Endereço: Setor Central do Gama - Área Especial 01