Se a eleição indireta estiver de pé até amanhã, o PT participará do processo de sucessão no DF como o fiel da balança. Votando no primeiro turno e mesmo que se abstenham no segundo, os quatro petistas da Câmara têm em conjunto o poder de mudar os rumos do embate político. Na tarde de ontem, uma simulação de resultado que circulava nos bastidores da Câmara e entre os partidos políticos dava vantagem ao governador em exercício Wilson Lima (PR). O placar comentado era de que o concorrente tinha 11 dos 24 votos possíveis. Os outros pretendentes conseguiriam reunir por sua vez, o apoio de apenas oito distritais.
Com 13 votos, Wilson Lima venceria no primeiro turno. Mas esse cenário não está consolidado. Assim, é dado como bastante provável que a disputa se estenda para a segunda etapa na qual concorrerão as duas chapas mais bem colocadas na votação inicial. É justamente nesse ponto que o quadro a favor de Wilson Lima corre perigo de mudanças.
Para o primeiro turno, o PT tem candidato, o professor e ex-reitor da Universidade de Brasília Antônio Ibañez. Ele receberá os quatro votos do partido que foi expressamente orientado a sepronunciar em bloco. Se Ibañez ficar de fora do segundo turno, os quatro distritais (contando com Érika Kokay, que se recupera de um enfarte, mas deve receber alta amanhã) estarão, em tese, sem um representante na fase seguinte. E poderão oferecer apoio a um dos dois lados.
Abstenção ou aliança
Se o PT se abstiver, provavelmente dará vantagem a Wilson Lima. Se decidir votar, é bem possível que seja em um candidato de oposição ao governador. Desde quando a eleição indireta foi confirmada, os petistas marcaram posicionamento contra a manutenção de um distrital na chefia do Executivo. Por isso, dificilmente voltariam atrás. Até mesmo a definição de suporte a uma candidatura em segundo turno teria antes de passar pelo aval da direção do PT.
Essa hipótese não está descartada. Ao contrário, o partido será assediado pelas chapas que sobreviverem ao primeiro turno. O PTB até tentou uma dobradinha com o PT na largada do processo, antes mesmo das inscrições de concorrentes. Mas as duas legendas não se entenderam a tempo, nenhuma delas abriu mão de ser cabeça de chapa na corrida política. Diante da perspectiva real de poder, no entanto, é possível um entendimento até as 15h de amanhã, quando terá início a escolha. No entanto, essa composição é considerada improvável porque o PT enxerga o presidente do PTB no DF, Gim Argello, como um adversário para o pleito de outubro.
Outra aliança, no entanto, ganhou força nas articulações dos últimos dias. Ela seria formada pelo PT e o PMDB, cujo candidato é Rogério Rosso. A possibilidade é bem aceita entre os distritais pelo motivo inverso ao que afasta a legenda do PTB. O PMDB é visto como um potencial aliado nas eleições direitas e uma composição no fim de semana só adiantaria um processo que seria discutido mais à frente.
Propostas
O Correio perguntou aos candidatos à eleição de sábado quais serão as prioridades do mandato-tampão. Cinco entre os seis concorrentes informaram suas principais propostas para os oito meses de administração. Uma preocupação comum é dar continuidade a projetos e obras que foram interrompidos ou desaceleraram em função da crise política.
Outro compromisso colocado pelos pretendentes é o de andar em compasso com as exigências dos órgãos de controle, como a Controladoria-Geral da União, que há alguns dias apontou uma série de irregularidades em obras parcialmente financiadas com recursos federais. As propostas são direcionadas a um colégio eleitoral restrito, o de 24 distritais. A intensa disputa por poder entre partidos mostra, porém, que os argumentos levados em conta pelos deputados podem não ser apenas os expressos no programa de governo dos concorrentes. Cada um terá em plenário 30 minutos para defender suas propostas.
PROMESSAS