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Para ministro do STF, decisão de soltar Arruda foi acertada

O ministro Marco Aurélio de Mello, que no Supremo Tribunal Federal (STF) negou o pedido de habeas corpus de José Roberto Arruda em fevereiro, avaliou que a decisão de agora do STJ foi acertada. De acordo com ele, o momento é outro e é compreensível que se tenha avaliado que não existem mais as causas para a manutenção da prisão. Para Mello, no cenário atual, o inquérito da Operação Caixa de Pandora já está em estágio avançado e Arruda não exerce mais o poder de governador, tendo poucas condições de influenciar nas investigações.

;Pelo que conheço do processo e pelo que leio na imprensa, já existem fatos suficientes para ajuizar a ação penal. Não entendi por que ainda não entraram com ela. As investigações podem prosseguir durante o processo;, disse Marco Aurélio ontem ao Correio. Sobre a decisão do STJ que libertou Arruda, ele comentou que não é surpreendente e que se encaixa na jurisprudência.

O ministro Marco Aurélio, como relator do caso no STF, negou o pedido de habeas corpus em fevereiro e a decisão venceu pela maioria dos votos na Corte no início de março ; foram nove votos a um. ;Eu nunca vi um depoimento tão incriminatório como o daquele Bento(1). Era muito preciso. Tentaram atrapalhar mesmo as apurações naquela época. Mas, agora, debaixo de tantos holofotes, não acredito que tentem algo semelhante;, avaliou.

Para o ministro, os 61 dias de prisão de Arruda tiveram grande significado. ;A situação é indesejável, é triste o que aconteceu em Brasília, ter um governador preso. Mas serviu de exemplo a todos os políticos. Mostrou que a lei é universal, vale para todos;, destacou. O fato de Arruda ter sido solto não significa impunidade e não há motivo para indignação por parte da população. ;O leigo quer as vísceras, quer sangue. Mas os juízes não podem julgar pelo clamor popular. É preciso respeitar as leis, a democracia.;

Suborno
Antônio Bento foi preso em flagrante pela Polícia Federal em 2 de fevereiro, ao entregar uma sacola com R$ 200 mil ao jornalista Edson Sombra. Como suposto emissário de Arruda, Bento tentou convencer Sombra a prestar declarações inocentando o ex-governador.