De janeiro a março, o Distrito Federal registrou 2.744 casos confirmados de dengue, segundo dados divulgados na terça (30/3) pela Secretaria de Saúde. O aumento é de 1.917% em relação ao mesmo período do ano passado. Da semana passada até ontem, houve mais 627 diagnósticos positivos. As notificações, no mesmo período, subiram de 4.710 para 5.732, o que significa mais 1.022 suspeitas da doença. A Vila Planalto segue líder nas estatísticas, com 612 ocorrências confirmadas. Em seguida, vem Planaltina, com 576, e São Sebastião, com 195. Mas, de acordo com o secretário de Vigilância à Saúde, Allan Kardec, os dados divulgados esta semana podem não representar a realidade.
Segundo ele, algumas cidades tiveram problemas na hora de inserir no sistema as informações de acompanhamento da dengue. Por isso, dados de todo o mês de março teriam ficado represados e só teriam sido contabilizados agora, o que daria a falsa impressão de nova explosão no número de ocorrências. ;O resultado está distorcido, mas nossos técnicos devem entregar um detalhamento desses números até a semana que vem;, afirmou. Ele cita que, segundo agentes que fazem visita às casas, não houve aumento exagerado no número de casos esta semana. O subsecretário ainda afirma que a Defesa Civil deve dar apoio logístico ao combate à dengue. O edital para a contratação temporária de 500 agentes está sendo aguardado para a semana que vem. ;A prova já está pronta;, garante Kardec.
Na Asa Sul, bairro com 55 casos confirmados de dengue, moradores da Quadra 708 estão amedrontados com o avanço da doença. Eles calculam que já são 12 casos no local. A notícia de infecções na vizinhança mudou a rotina da dona de casa Sônia Maria Barbosa, 55 anos. Ela vira de cabeça para baixo as latas que encontra nas redondezas, aplica água sanitária no telhado, joga produtos químicos no pátio, mantém repelentes sempre ligados na tomada. ;Brinco que, qualquer hora dessas, vou matar é minha família, de tanto veneno;, comenta. Mas o esforço não evitou o pior. Delvaci de Jesus Santos, 29 anos, que trabalha em sua casa como doméstica, contraiu a doença. Em uma semana, sofreu com as dores de cabeça, a febre de 39 graus e as dores no corpo. Mal conseguia se levantar e, por conta da falta de apetite, perdeu cinco quilos. ;Parecia um esqueleto;, diz.
Na casa ao lado, o mosquito já infectou cinco parentes de Sônia Barbosa. Pai, mãe, uma filha e duas netas já sofreram com os sintomas da doença. A dona de casa Clarinda Barbosa, 63 anos, percebeu os sintomas da doença ao voltar da missa. A febre e a dor no corpo passaram logo, mas o enjoo e a fadiga se prolongaram por quase um mês. ;Parecia um algodão doce de tão branca;, relata. O marido dela chegou a manifestar os sintomas durante cerca de quatro dias. Uma das netas também teve uma forma branda da dengue. A outra, mais nova, chegou a ficar internada por quatro dias. Após 10 dias de prostração, a filha do casal se recupera da doença. Todos relatam que vários casais e famílias da região contraíram dengue ao mesmo tempo.
Agentes de Vigilância Ambiental estiveram no local há cerca de 20 dias, retiraram entulhos, visitaram casas e aplicaram o larvicida em todos os focos encontrados. Mas já é possível ver restos de obra espalhados pelas calçadas. ;O esforço tem que vir de ambas as partes, governo e comunidade. Um fazendo e o outro desfazendo não adianta;, avalia Sônia Barbosa.
O número
1.022
Número de notificações suspeitas de dengue desde a terça-feira da semana passada
1.022
Número de notificações suspeitas de dengue desde a terça-feira da semana passada
O número
55
55
Casos da doença confirmados na Asa Sul