;Nós não tivemos acesso à investigação como um todo. O governador fez questão de declinar que ele gostaria de falar, principiou a dizer algumas coisas, mas eu reiterei a minha orientação de que não abro mão da legalidade. O Ministério Público sabe tudo o que apurou, o delegado de polícia provavelmente também e eu só vou permitir que o governador se manifeste de forma plena quando eu tiver acesso irrestrito à apuração feita até agora;, explicou Nélio Machado, que compareceu ao depoimento do governador acompanhado dos advogados Thiago Bolza e Cristiano Maronna. Na última sexta-feira, Machado havia garantido que Arruda falaria e destacou que faltava apenas traçar os passos do depoimento. ;Ele vai falar, lógico, porque a rigor reclama há muito tempo por essa oportunidade;, disse, na ocasião.
O ex-secretário de comunicação do GDF Welligton Moraes foi outro que decidiu se calar durante o depoimento, que ocorreu pela manhã, no Complexo Penitenciário da Papuda, onde está preso desde 12 de fevereiro. Segundo o advogado de defesa de Moraes, Marcelo Bessa, o motivo é o mesmo alegado por Arruda: a falta de acesso aos autos do processo. O ex-chefe da Unidade de Administração-Geral da Secretaria de Educação Gibrail Gebrim depôs às 14h e também optou pelo silêncio. ;Vamos usar o direito constitucional de não responder às perguntas, porque não conhecemos o processo;, afirmou o advogado José Safe Carneiro.
Marcelo Carvalho, braço direito do ex-governador Paulo Octávio e que aparece em gravações com Durval Barbosa, depôs por volta das 17h. Segundo o advogado Carlos Machado de Almeida Castro, o Kakay, o cliente também se calou. Kakay está em viagem no exterior e não acompanhou Carvalho. O ex-diretor do Na Hora Luiz França também compareceu à oitiva e nada falou. O empresário Renato Malcotti, que não estava na lista dos depoimentos previstos para o dia, resolveu comparecer à PF por conta própria, mas também não respondeu às perguntas.
Explicações
Por outro lado, Leonardo Prudente, ex-presidente da Câmara Legislativa, aproveitou a oportunidade para se defender. Ele, Alcir Collaço, dono do jornal Tribuna do Brasil, e o ex-secretário de Educação José Luiz Valente também falaram. De acordo com o advogado de Prudente, Herman Barbosa, o ex-deputado respondeu todas as indagações feitas pela autoridade policial. ;Não é questão de declarar inocência ou culpabilidade, é relatar os fatos como eles aconteceram, apenas isso;, disse. No interrogatório, Prudente negou que tenha participado de qualquer repasse de verbas e reafirmou que o dinheiro que aparece colocando nos bolsos e nas meias, em vídeo gravado por Durval Barbosa, teria fins eleitorais. ;Ele manteve a mesma resposta que já tinha dado na Câmara, trata-se de dinheiro de campanha;, explicou o advogado.
O ex-assessor de imprensa de Arruda, Omézio Pontes, por sua vez, livrou-se do depoimento. Ele foi dispensado por um dos delegados da Polícia Federal responsáveis pelo caso. De acordo com Ticiano Figueiredo, advogado de defesa, Omézio se pronunciou sobre o tema em 1; de fevereiro. E, desde então, nenhum fato novo teria surgido para justificar outra oitiva. O ex-assessor deveria ter prestado depoimento em 28 de janeiro deste ano, mas não compareceu. Alegou que não recebeu a intimação da PF. Em 1; de fevereiro, ele cumpriu a notificação e compareceu à Superintendência da Polícia Federal. Nada colaborou com as investigações. Utilizou o artifício constitucional de permanecer calado. Os advogados alegaram que o cliente só falaria quando tomasse conhecimento das provas contra ele.
Geraldo Maciel, ex-chefe da Casa Civil, também foi dispensado do interrogatório. A Polícia Federal não informou se José Abdon, dono da AB Produções, que prestava serviços de publicidade para Arruda, falou ou não durante seu depoimento. Ele deixou a Superintêdencia da PF com o rosto tampado. Os depoimentos de hoje só serão divulgados durante o dia pela Polícia Federal.
"Só vou permitir que o governador se manifeste de forma plena quando eu tiver acesso irrestrito à apuração feita até agora"
Nélio Machado, advogado de Arruda
"Vamos usar o direito constitucional de não responder às perguntas, porque não conhecemos o processo"
José Safe Carneiro, advogado de Gibrail Gebrim
"Não é questão de declarar inocência ou culpabilidade, é relatar os fatos como eles aconteceram, apenas isso"
Herman Barbosa, advogado de Leonardo Prudente
Nélio Machado, advogado de Arruda
"Vamos usar o direito constitucional de não responder às perguntas, porque não conhecemos o processo"
José Safe Carneiro, advogado de Gibrail Gebrim
"Não é questão de declarar inocência ou culpabilidade, é relatar os fatos como eles aconteceram, apenas isso"
Herman Barbosa, advogado de Leonardo Prudente