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Arruda permanece calado durante depoimento à PF

O governador cassado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), não falou nada durante o depoimento na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, na tarde desta segunda-feira (29/3). O mesmo procedimento foi adotado pelo ex-secretário de Comunicação do GDF Weligton Moraes, em oitiva no Complexo Penitenciário da Papuda, onde está preso há 44 dias.

[SAIBAMAIS]Segundo o advogado Nélio Machado, o ex-governador fazia questão de falar, mas ele não permitiu. O defensor disse que Arruda só vai depor quando tiver acesso por completo aos autos do inquérito 650, que investiga o suposto esquema de corrupção no GDF.

"Não abro mão da legalidade", afirmou o advogado. "O Ministério Público sabe tudo, mas eu só vou permitir que o governador se manifeste quando tiver acesso irrestrito à apuração feita até agora."

A defesa apresentou uma petição, assindada pelo ex-governador, em que são apresentados os motivos para ele não depor. Nessa mesma petição, os advogados reiteram o pedido de revogação da prisão do ex-chefe do Executivo local.

O documento foi encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde tramita o precesso da Operação Caixa de Pandora. Na semana passada, a Procuradoria Geral da República se manifestou contrária à liberação de Arruda.

Na Papuda

O depoimento de Arruda é um dos 10 marcados para esta tarde na PF. Mais cedo, o ex-secretário de Comunicação do GDF Weligton Moraes também usou o direito de ficar calado. A oitiva foi às 10h, na Complexo Penitenciário da Papuda, onde ele está preso há 44 dias.

Até esta quinta-feira (1;/4), os agentes devem interrogar 42 citados no escândalo. Veja quem são os outros depoentes desta segunda-feira:

Omézio Pontes
Assessor de comunicação e "homem de confiança" do governador cassado, afastado do cargo em 27 de novembro de 2009, na primeira leva de exonerações de Arruda assim que estouraram as denúncias da Operação Caixa de Pandora. Aparece em pelo menos dois vídeos recebendo, segundo o depoimento de Durval Barbosa, "mais de R$ 100 mil" da primeira vez e R$ 100 mil da segunda.

José Geraldo Maciel
Ex-chefe da Casa Civil, foi um dos alvos dos mandados de busca e apreensão expedidos pelo STJ na Operação Caixa de Pandora. Ele seria encarregado de, entre outras coisas, pagar aproximadamente R$ 400 mil mensais a deputados distritais da base aliada pelo apoio ao governo Arruda. Também foi exonerado em 27 de novembro.

Leonardo Prudente
Ex-presidente da Câmara Legislativa do DF, renunciou ao mandato em 26 de fevereiro para escapar de ação por quebra de decoro parlamentar. O ex-distrital aparece em dois diferentes vídeos recebendo dinheiro. Em um deles, de 2006, é flagrado guardando "cerca de R$ 25 mil" em bolsos do paletó, da camisa e até na meia. De acordo com Barbosa, Prudente recebia R$ 50 mil mensais do esquema e mantinha parentes em cargos estratégicos que lhes permitiam desviar dinheiro de órgãos como o Detran-DF.

Marcelo Carvalho
Diretor do grupo empresarial Paulo Octávio. Segundo Barbosa, Carvalho foi diversas vezes ao seu escritório a fim de recolher o dinheiro arrecadado das empresas de informática, cujo percentual da equipe de Paulo Octávio era de 30%.

José Luiz Valente
Ex-secretário de Educação, é acusado de ter recebido R$ 60 mil da Info Educacional, empresa contratada para prestar serviços ao GDF. Foi exonerado do cargo em 27 de novembro pelo então governador Arruda.

José Abdon
Dono da AB Produções, empresa citada no inquérito n; 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sob a acusação de ser beneficiada pelo esquema de corrupção. Segundo as denúncias, a empresa cuidou da publicidade para o diretório do Democratas em Brasília e para a campanha a governador de José Roberto Arruda, em 2006. A empresa é acusada de ter recebido dinheiro desviado dos contratos de publicidade do GDF.

Gibrail Gebrim
Também acusado de receber repasse de dinheiro, deixou a chefia da Unidade de Administração-Geral da Secretaria de Educação após o escândalo político no DF. Ele foi protagonista de outro escândalo. Em 2005, ainda durante o governo de Joaquim Roriz, Gebrim foi acusado de estar envolvido em irregularidades ligadas à compra de material pela Secretaria de Educação.

Alcir Collaço
Dono do jornal Tribuna do Brasil, foi flagrado em uma das gravações de Durval Barbosa guardando dinheiro na cueca. O vídeo mostra uma conversa entre Durval e Collaço em que eles falam sobre uma suposta operação envolvendo dinheiro e políticos.

Luiz França

Ex-diretor do Na Hora, que presta atendimento público à população, foi exonerado do cargo quando o governador interino do DF, Wilson Lima, assumiu o Executivo local. Também aparece em vídeo recebendo de Durval dinheiro que seria fruto de propina de prestadoras de serviço ao governo. França foi presidente do PMN-DF, partido que apoiava o governo Arruda.