A depender da vontade dos distritais, o governo tampão seria entregue a um dos seus. A maioria dos deputados concorda com a tese de colocar um colega na chefia do Executivo por meio das eleições indiretas. Nesse contexto, o nome que agrada à maioria é o de Wilson Lima, que desde 23 de fevereiro ocupa o cargo. Mas a pressão social (leia reportagem ao lado) por um nome alheio à Câmara Legislativa e o risco de intervenção mudaram os planos dos parlamentares locais. Entre insistir num nome próprio e evitar a perda da autonomia política, eles parecem estar dispostos a abrir mão da primeira alternativa. Por isso, na última semana, os deputados começaram a expandir as opções de candidaturas com a sugestão de alguns nomes fora do universo Legislativo.
Entre as conclusões de um encontro que reuniu 11 distritais na noite da última quarta-feira estava a necessidade de se procurar perfis mais palatáveis à opinião pública. Para os deputados, parte da tentativa de convencer os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a necessidade de impor um interventor pode estar no apoio a um candidato do mundo jurídico. A primeira dificuldade dos deputados, no entanto, está sendo a de ligar o nome do jurista aos critérios exigidos para as eleições indiretas (veja quadro). Pelo menos dois requisitos ; o da filiação partidária há pelo menos um ano para o concorrente ; devem eliminar várias possibilidades lembradas nas reuniões de deputados.
Num desses encontros, por exemplo, distritais do PT fizeram espécie de debate sobre potenciais candidatos para as eleições indiretas. Durante o exercício dos políticos foram citados, por exemplo, o advogado Luiz Filipe Ribeiro Coelho (PTB), presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) de 1995 a 1997 e conselheiro federal da Ordem na gestão de Estefânia Viveiros; Ulisses Riedel, advogado trabalhista e ex-conselheiro da OAB. Filiado ao PSB-DF, ele ocupou cargo de senador por 17 dias em 2003, após a morte de Lauro Campos; Reginaldo de Castro, ex-presidente da OAB entre 1998 e 2001 e atual integrante do quadro de conselheiros federais da Ordem. Ele também é filiado ao PSB e atuou como conselheiro do governo José Roberto Arruda.
Descartados
Na reunião do PT ainda surgiram como hipótese os nomes do ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, do ex-presidente Maurício Corrêa e até dos conselheiros do Tribunal de Contas do DF Renato Rainha e Ronaldo Costa Couto. Mas para participar do pleito, o político tem que estar filiado ao seu partido há, no mínimo, um ano. Assim nenhum integrante do TCDF, por exemplo, poderia disputar a chefia do Executivo nas eleições indiretas, já que eles são proibidos de ter filiação partidária. Sugerido pela distrital Eliana Pedrosa (DEM), o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Maurício Corrêa também não poderia, pelas normas atuais, concorrer ao pleito. Ele entrou no PSDB em setembro e, portanto, não tem um ano de filiação à legenda, pré-requisito exigido na legislação.
Na lista dos possíveis candidatos ainda aparece o nome de Lindberg Aziz Cury. Ele assumiu uma cadeira no Senado em 2001, depois da renúncia de Arruda, acusado de ter violado o painel eletrônico da casa. Lindberg (DEM) participou do processo da busca de autonomia política da capital nos anos 1980, quando presidia a Associação Comercial do DF. Na visão de Raimundo Ribeiro (PSDB), uma boa opção caso as eleições indiretas se confirmem: ;Tenho conversado com os colegas sobre a necessidade de escolhermos alguém sem pretensões eleitorais;.
[SAIBAMAIS]Outros nomes frequentemente citados no contexto do mandato tampão são os do ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles e do ex-ministro do STF Sepulveda Pertence. Como ambos não têm filiação partidária, as chances de que assumam a interinidade do GDF virão se houver suspensão da autonomia política do DF, na qualidade de interventores.
INSCRIÇÕES ABERTAS
Nenhuma chapa ainda foi inscrita na Câmara Legislativa para concorrer à eleição indireta. De acordo com o Ato n; 26/2010 da Mesa Diretora, que determinou as regras do processo eleitoral, as candidaturas para concorrer ao cargo de governador e vice-governador precisam ter o aval do partido político.