A desavença entre o jovem Lucas Jerônimo da Silva, 14 anos, e um jovem de 15 começou dentro dos muros do Centro de Ensino 28, no P Norte, em Ceilândia. O acerto de contas, que resultou na morte de Lucas, no entanto, ocorreu a 200 metros da escola às 7h da quinta-feira, de 11 de março. Esse é apenas um dos inúmeros casos de violência entre jovens que apavoram diariamente alunos, professores e pais em todo o Distrito Federal. Como uma forma de promover a cidadania e pregar a paz nas escolas, a direção do centro de ensino onde os dois jovens estudavam realizou uma manhã com números teatrais, apresentações musicais e palestras para a comunidade do Condomínio Cachoeirinha. As famílias dos dois adolescentes não participaram. Todos os envolvidos na tragédia pediram transferência do centro de ensino.
As paredes brancas da escola inaugurada em setembro do ano passado ganharam cor. Grafiteiros imprimiram nos muros os dizeres ;Paz; e ;Paz nas escolas;. Pais e alunos aproveitaram a oportunidade para se aproximar mais da direção e do dia a dia do filho. E muitos perderam o medo de deixar o filho na escola após o crime, que correu as ruas da cidade. ;Foi uma situação isolada e fora da escola. Mas tomamos as providências necessárias e acabamos sendo taxados como um lugar inseguro. Queremos mudar essa fama;, disse a diretora, Alessandra Cristina Vinicius de Aguiar. O assessor especial da Secretaria de Educação, Atílio Mazzoleni, acredita que a iniciativa mexe com o sentimento de crianças e pais. ;Estamos trazendo o Projeto Rádio-Escola, o Projeto Escola Aberta e vamos criar conselhos de segurança escolar para garantir que a violência diminua nos arredores dos centros de ensin..;
Para a diretora da Regional de Ensino de Ceilândia, Ana de Fátima Dias Henriques, o sábado letivo é uma forma de aproximar os pais da instituição de ensino. ;É imprescindível a presença do pai na vida escolar do filho, na infância e, principalmente, na adolescência.; Mas, além de contar com o apoio dos pais, a escola aproveitou algumas parcerias para incentivar a paz entre os jovens. A Organização Não Governamental (ONG) Arte Contra a Violência desenvolverá um trabalho com os adolescentes do CEF 28 até julho com palestras e trabalhos artísticos. Mas nada desse esforço adianta se não houver força de vontade por parte dos próprios alunos.
Este tipo de incentivo ficou por conta do Grupo de Teatro Tribo da Paz, do Centro de Ensino Médio 304, de Samambaia. Cerca de 30 jovens apresentaram uma adaptação de Romeu e Julieta, em que abordam o tema paz. A ideia era realizar apenas uma apresentação. Mas o assunto e o carisma dos adolescentes chamou tanta atenção que eles não pararam mais. A vida de professor e alunos ; que se tratam por pai e filhos ; foi transformada a partir de uma simples iniciativa. ;Na nossa escola tinha muita briga, bebedeira e drogas. Com o grupo de teatro, temos uma visão diferente das coisas. Muitos deixaram tudo isso de lado para se dedicar à escola;, contou um dos integrantes do grupo, Maycon Dias, 17 anos, aluno do 2; ano. ;Era a pior turma da escola. E hoje, é a melhor;, completou o professor Adilson Rocha, idealizador do grupo.