;Eu não quero mais estudar em uma universidade que é cúmplice da violência.; O desabafo da estudante de geografia Luana Weyl, 18 anos, foi recebido com uma salva de palmas por colegas que lotaram o auditório da Reitoria da Universidade de Brasília (UnB). Ao som de marchas de repúdio ao machismo, ao estupro e à insegurança, mais de 60 alunos se reuniram com o reitor, José Geraldo de Sousa Júnior, na tarde de ontem para entregar uma carta de exigências a fim de incrementar a segurança do câmpus Darcy Ribeiro. A iniciativa foi de um grupo de alunas revoltadas com mais um caso de estupro, ocorrido na segunda-feira, contra uma estudante de letras. Desta vez, ao contrário da reunião de quarta-feira, muitos homens participaram do encontro e levantaram a bandeira contra a violência.
A lista de providências pede, principalmente, que os câmpus da UnB sejam limpos e melhor iluminados, que haja a contratação de vigilantes e seguranças mulheres, o aumento do transporte interno gratuito, a transparência da reitoria em relação aos casos de violência sexual dentro da universidade e a criação de um centro de referência das mulheres. ;Nosso corpo não é objeto. A cada mulher, a cada homem que se solidariza, peço que não aceitem que as promessas não saiam do papel. Vamos nos manifestar até que algo aconteça. Não queremos mais ter medo;, declarou Juliana Peña, 19 anos, aluna de ciências sociais. ;Sabemos que a segurança tem gente suficiente, mas por problemas políticos, não existe planejamento tático;, criticou a estudante de letras Priscila Francisco Pascoal, 27 anos. O documento não foi assinado por José Geraldo, que pediu mais tempo para refletir sobre o conteúdo da carta. Ele, no entanto, concordou em se manifestar publicamente sobre o assunto até o dia 27, data estipulada pelas estudantes.
O reitor disse que não vai ;fugir das responsabilidades; e defendeu a divulgação das estatísticas criminais da UnB. ;A informação serve para proteger, para envolver a sociedade no debate e criar soluções;, acrescentou. Entretanto, frisou que muitas decisões não dependem só da reitoria. ;A universidade é uma estrutura complexa. Não basta definir em um ato. É preciso criar condições para fazer as mudanças funcionarem;, alegou. No início da tarde, o mesmo auditório foi palco para a 3; reunião do Conselho Comunitário de Segurança da UnB. Estiveram presentes tanto conselheiros quanto membros do GDF e das polícias Militar e Civil, que pediram uma parceria com a comunidade acadêmica. O prefeito da UnB, Silvano da Silva, afirmou que o edital para a licitação de modernização e ampliação da iluminação, obra orçada em R$ 1,7 milhão de reais, será publicado na semana que vem. Segundo ele, mais de 1 mil novos pontos de luz se somarão aos 2 mil presentes hoje.