A dona de casa Maria do Socorro Peixoto, 58 anos, viu o Riacho Fundo brotar da terra vermelha e se tornar uma cidade. Como muitos, ela constituiu família ali. Atualmente tem quatro filhos e quatro netos nascidos na terra que se tornou a sua. Hoje, a região completa 20 anos e os filhos da cidade têm o que comemorar. O antigo assentamento evoluiu. Tem sete escolas de concreto ; até pouco tempo, o primeiro centro de ensino a ser criado era feito de lata ;, postos de saúde funcionando bem, asfalto nas ruas e rede de esgoto prestes a ser concluída. A administração regional organizou uma festa para celebrar as conquistas, com direito a música, campeonatos de esporte e brinquedos infláveis para as crianças, de hoje ao dia 28. Uma das apresentações mais aguardadas é o show gratuito do grupo baiano Olodum, dia 21 próximo (confira a programação).
Maria do Socorro está no Riacho Fundo há 18 anos. Sempre viveu no mesmo lugar, na segunda quadra a ser criada, a QN 1. ;Quando a gente chegou era só mato e minas de água. Vim transferida do acampamento da Telebrasília e me instalei com o marido em um barraco;, lembrou a pioneira. Da pequena armação de madeirite, a família ergueu, depois de muito trabalho, um sobrado confortável de três andares. Maria se dividiu entre os cuidados domésticos e o trabalho em uma das primeiras igrejas da região, a Capela Anjo da Guarda, onde até hoje faz suas orações. Ela agradece principalmente a prosperidade que conseguiu no Riacho Fundo. Maria observa a vista da cidade, do alto de sua casa. ;É impressionante como isso aqui cresceu. O Riacho Fundo é nossa cidade do coração, minha e da minha família. Criei meus filhos aqui e não me arrependo. Tem tudo de bom nessa região;, elogiou.
A dona de casa enumera as qualidades do local onde vive: ;A comunidade é unida, temos líderes comunitários ativos e um diálogo muito bom com o governo. Sempre procuramos os comandos das polícias Militar e Civil da região para listar quais são os problemas e cobrar soluções. Eles nos recebem e atendem com respeito. Temos praças e parquinhos bem conservados;. Mas, claro, também há problemas no Riacho Fundo. Maria, por exemplo, cita a violência e prossegue: ;A limpeza ainda precisa melhorar muito. Uma parte é culpa da população, que joga o lixo em qualquer lugar. Precisamos de educação nesse sentido;. A técnica em informática Lúcia Costa, 54 anos, reclama também da falta de ônibus na região. ;Todo dia é um sacrifício, principalmente para ir ao Plano Piloto.; A administração regional informou que há 11 linhas com destinos diferentes, das 6h às 22h40, com intervalos de 20 a 70 minutos para atender a população.
Mistura
Embora a cidade seja jovem, 44% das pessoas que moram no Riacho Fundo nasceram ali. A região atraiu também gente de todos os estados. Os nascidos em Minas Gerais representam 11%; os goianos, 8%; piauienses, 6%; baianos, 6% e cearenses, 5%. Os dados são da administração local. O trabalho dessa gente, além de trazer diversidade cultural, fez a cidade prosperar.
O comércio na região, de acordo com moradores, começou pela Quadra QS 14. Ali foram fundadas as primeiras farmácias e as primeiras lanchonetes e mercadinhos. Hoje, há mais de 2 mil lojas na região. A população já passou dos 40 mil habitantes, de acordo com dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A renda per capita é de R$ 670, segundo a administração regional. O número de habitantes cresceu sem planejamento e infraestrutura adequada e, em maio de 1994, surgiu o Riacho Fundo II.(1)
O local onde hoje fica o Riacho Fundo começou como Granja do Riacho Fundo, que serviu de residência oficial para a família do ex-presidente Ernesto Geisel e, em 1987, foi repassada ao GDF. Em seguida, o terreno abrigou o Instituto de Saúde Mental. Atualmente, grande parte da cidade faz parte de uma Área de Preservação Ambiental (APA). Há várias nascentes de diversos córregos, entre eles a do Riacho Fundo. A ocupação desordenada, no entanto, ameaça a preservação dessas riquezas naturais. Entre os principais atrativos da cidade, estão o Vale das Borboletas, no Parque Ecológico Riacho Fundo, a Feira Permanente e o Jardim Japonês, em homenagem à colônia dessa nacionalidade em Brasília.
1 - Mais festa
Os moradores do Riacho Fundo II também se preparam para comemorar o aniversário da cidade. A região completa 15 anos em 7 de maio. Ontem, a administradora regional, Fátima Cabral, se reuniu com os diretores das escolas públicas, particulares e creches da cidade para organizar a participação de todos os colégios no desfile cívico militar. A administração prometeu eventos culturais, musicais e esportivos para movimentar a cidade no mês de festividades.
O povo fala
O que o Riacho Fundo tem de bom e o que ainda precisa melhorar?
Marilda Pinheiro, 36 anos, balconista
;Falta estrutura física nas escolas, a iluminação da rua é ruim e precisamos de mais policiamento. As áreas rurais estão meio abandonadas. Na Colônia Agrícola Sucupira, onde eu moro há cinco anos, tem crime demais. Por outro lado, temos muitas áreas de lazer na cidade, quadras de esporte e o programa Ginástica nas quadras. O governo oferece cursos de graça e a vizinhança é muito boa;
Maria Zilca de Lima, 39 anos, cabeleireira
;Tem que aumentar o número de policiais na rua, principalmente perto das escolas, à noite. Na terça-feira passada, me assaltaram. Algumas áreas ainda precisam ser regularizadas. De bom por aqui, temos as quadras de esportes e opções de diversão para as crianças;
Sandro Magalhães, 31 anos, comerciante
;O Riacho Fundo parece cidade do interior. Aqui, todo mundo se conhece. É um local calmo. Só precisava de mais garis nas ruas. Essa cidade me surpreendeu quando me mudei de Goiânia para cá. Tem um comércio muito abrangente e de qualidade;
Elias Amorim, 45 anos, técnico-administrativo
;De bom, a gente conta com as praças de esporte. A saúde também funciona direitinho, o posto sempre tem médico. Só podia fechar um pouco mais tarde ou ser 24 horas. De ruim, temos o transporte e a segurança. Moro aqui desde o início e quero ver esses problemas resolvidos;
Programação
Hoje e amanhã
Campeonato de skate, longboard, bicicleta e patins in line. Grupos de hip-hop e break e grafiteiros também irão se apresentar no local
Horário: 9h
Local: Skate Park, na Avenida Central
Amanhã
Lazer com brinquedos infláveis gratuitos
Horário: 9h
Local: AC 3, ao lado da Administração Regional do Riacho Fundo
Show e gravação do novo CD da dupla sertaneja Luan e Luiz
Horário: 11h
Local: praça de alimentação da Feira Permanente
Minifazenda ; Exposição de lhamas, roedores, aves, minibovinos e pôneis. As crianças poderão passear de charretes e pôneis
Horário: 11h às 18h
Local: AC 3
Apresentação de artes marciais e lazer para as crianças, com pula-pula, brinquedos infláveis, totó, algodão-doce e pipoca
Horário: 11h
Local: AC 3
Shows com Bonde das Novinhas, Rony Pereira, Banda Cali de Essência, grupo Colours Brake e grupo os Ketinhos
Horário: 16h
Local: AC 3
Show com a dupla sertaneja Marcelo Paiva e Santiago
Horário: 20h
Local: AC 3
Dia 20
Torneio de futsal entre as igrejas
Horário: 9h
Local: Ginásio coberto da QN 07
Evento beneficente de lazer, com diversos brinquedos.
Horário: 14h
Local: QS 10, Conjunto 7A
Dia 21
Show Nota 10, com apresentação do grupo Olodum e aulão de capoeira com Mestre Cobra
Classificação indicativa: 16 anos
Horário: 16h
Local: AC 4, entre o Terminal Rodoviário e a administração regional
Torneio de futebol society feminino
Horário: 9h
Local: campo sintético da QN 07, ao lado da quadra coberta
Torneio de vôlei
Horário: 9h
Local: quadra coberta da QN 07
Dia 26
Show com a banda católica Swing Cristão
Horário: 19h
Local: Praça central
Dia 27
Culto evangélico
Horário: 19h
Local: AC 3
Dia 28
Festival Kalanguera Som do Cerrado, 8; Edição. Hip-hop, break, rock e reggae e apresentação teatral.
Horário: 15h
Local: AC 3