Alunos do câmpus de Ceilândia da Universidade de Brasília (UnB) trocaram tintas, ovos, farinha e brincadeiras por uma recepção ecológica: às 9h de hoje, calouros e veteranos plantarão mudas ao redor das futuras instalações do câmpus, onde as obras permanecem inacabadas. Esse tipo de trote é realizado desde o 2; semestre de 2009 e, desta vez, haverá também uma caminhada como forma de chamar a atenção para os problemas decorrentes da falta de infraestrutura. As aulas da Unb tiveram início ontem.
No chamado trote socioecológico, o estudante recém-aprovado recebe uma muda para plantar e cuidar durante o período universitário. ;Tivemos essa iniciativa para acabar com a ideia do trote violento, além de criar uma consciência ecológica nas pessoas;, diz Florentino Junio Leônidas, 18 anos, aluno de gestão em saúde.
Os participantes caminharão do Centro de Ensino Médio 4 de Ceilândia (unidade temporária) em direção às futuras instalações. ;Por enquanto, a falta de infraestrutura não afetou a qualidade do ensino, mas ao longo do tempo, com certeza seremos prejudicados;, completa Florentino.
Segundo a diretora da faculdade de Ceilândia, Diana Lúcia Pinho, a preocupação maior é com o próximo semestre. ;Temos infraestrutura para atender a demanda até o 4; semestre, onde estamos atualmente. A partir do 5;, nós vamos precisar de outros tipos de instalações;, afirma. A previsão é de que a obra seja inaugurada em 21 de abril, no aniversário de Brasília.
Funcionando há um ano e meio, a Faculdade UnB Ceilândia atende atualmente cerca de 960 alunos, divididos entre os cursos de terapia ocupacional, enfermagem, farmácia, fisioterapia e gestão em saúde. Os universitários se revezam entre 10 salas, cinco laboratórios (um de informática), biblioteca e um auditório no CEM 4 de Ceilândia. As aulas acontecem também no teatro de arena e em duas salas de aula da Escola Técnica, próximos ao CEF 4.
Problemas
A falta de organização e os espaços improvisados incomodam os universitários, que enumeram os problemas. Poliana Rodrigues, 17 anos, cursa farmácia e reclama da superlotação. ;Todo semestre entram mais alunos e não há aumento nas instalações. Faltam salas de aula e os laboratórios estão incompletos;, reclama.
A segurança é outro problema que causa receio. Diariamente, automóveis são arrombados, furtados e danificados em frente à unidade provisória. ;Morro de medo quando deixo o meu carro aqui, eles pegam calotas e estepes;, denuncia a graduanda de fisioterapia Rosane Liliane dos Reis, 21 anos.
Apesar dos contratempos, a diretora da faculdade UnB Ceilândia afirma que a situação provisória não causa impacto na qualidade do ensino. ;Os nossos professores são os mesmos da UnB, todos excelentes profissionais;, finaliza.
Aulas no estádio
Ao sair de casa para a faculdade, cerca de 950 alunos seguem diariamente para o Bezerrão, no Gama. O pátio do estádio se transformou em salas de aula para atender à demanda dos universitários, que também esperam por um lugar de ensino adequado. Ao todo, os estudantes de engenharia automotiva, engenharia eletrônica, engenharia de energia e engenharia de software têm aulas em quatro salas e no pátio.
Além do Bezerrão, a Faculdade UnB Gama possui laboratórios temporários instalados no antigo fórum da cidade e, em três semanas, os alunos serão transferidos para 14 salas, no segundo andar do SESC Gama. O espaço foi alugado pela instituição para acomodar melhor os futuros profissionais. Para o estudante Alberto França, 17 anos, as constantes mudanças prejudicam a rotina de estudos. O futuro engenheiro automotivo confessa que se sente injustiçado com a situção temporária, que já dura mais de um semestre. ;Fico chateado porque no Câmpus Darcy Ribeiro eles têm tudo e a gente aqui, nada;, comenta.
Obras
As futuras instalações das Faculdades UnB Ceilândia e UnB Gama estão atrasadas. Com início em 2009, o sonho de ver os prédios prontos está sendo adiado desde o ano passado. A obra das unidades acadêmicas é uma parceria entre a Universidade de Brasília (UnB) ; responsável pela sede do Gama ; e o Governo do Distrito Federal (GDF) ; responsável pela sede de Ceilândia.
O câmpus do Gama está sendo construído por duas empresas, Manchester Construtora e Contarpe Engenharia. A primeira prevê que as obras estejam prontas em novembro, já a segunda promete a conclusão da obra para julho.
Em Ceilândia, a construtora responsável é a Uni Engenharia. Após cinco datas adiadas, a empresa espera que a faculdade, orçada em R$ 17 milhões, seja inaugurada em 21 de abril. De acordo com o secretário de obras do Distrito Federal, Jaime Alarcão, apesar de a obra estar prosseguindo lentamente, o calendário não foi alterado. Em função das chuvas, nós tivemos que diminuir o rítmo da construção, mas a previsão se mantém para o Aniversário de Brasília, conclui.