Jornal Correio Braziliense

Cidades

Saúde quer estimular a procura pelos postos, em casos menos graves

Desde que os casos de dengue começaram a aumentar progressivamente, no começo de janeiro, os pronto-socorros dos hospitais públicos do Distrito Federal registraram um aumento de cerca de 10% no movimento. Para desafogar esse atendimento, a Secretaria de Saúde quer estimular as pessoas com casos mais brandos da doença a recorrerem aos centros de saúde mais próximos de suas casas. O órgão planeja disponibilizar 30 vans para remanejá-las das emergências para os postos. O serviço deve entrar em funcionamento nos próximos dias.

;Cerca de 80% dos casos são chamados de azuis, de sintomatologia branda;, afirma o subsecretário de Atenção à Saúde, José Carlos Quinaglia. Na linguagem médica, as cores são usadas para classificar a gravidade do caso. Os azuis são menos graves e podem ser encaminhados aos postos. Se enquadrados como verdes, amarelos e vermelhos, indicam a existência de hemorragias leves, intermediárias ou severas e devem ser atendidos nas emergências. A Secretaria de Saúde garante disponibilizar leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) a quem precisar.

Enquanto o governo se organiza para combater a epidemia de dengue, os 465 agentes de vigilância ambiental cobram melhores condições de trabalho. A categoria aprovou, ontem, o indicativo de greve. Na próxima quinta-feira, promete se reunir novamente para definir se cruza os braços. ;Não queremos parar. Mas se não fizermos isso agora, daqui a três, quatro anos estará tudo igual;, afirma Wagner Rosa, que trabalha como agente. Entre as reivindicações dos trabalhadores está a redução da jornada de trabalho.

Mortes

Até ontem, a secretaria havia confirmado 970 casos de dengue em todo o DF. Duas pessoas morreram, uma delas na Vila Planalto, onde foram confirmadas 370 notificações. Quatro óbitos são investigados. Em uma casa antiga da região, a família da aposentada Maria de Lourdes Rocha de Oliveira, 76 anos, tenta se recompor da dor. No último dia 15, ela morreu, segundo os parentes, em decorrência da dengue. Maria de Lourdes era portadora de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e usava constantemente um aparelho de oxigênio. Cerca de uma semana antes, sentiu-se mal ao tomar banho, com tremores e muita dor abdominal. Durante o atendimento feito ainda em casa pela equipe de uma UTI móvel, o pulmão estava em boas condições.

A aposentada foi internada no Hospital Planalto, na Asa Sul. Logo depois, manifestou sintomas da dengue, como febre alta. Cinco dias depois, a família foi avisada de sua morte. No atestado de óbito constam as causas: bradiarritmia (alterações cardíacas), septicemia (infecção grave), DPOC agudizada e pneumonia. Segundo o subsecretário de Vigilância à Saúde do DF, Allan Kardec, uma das possíveis causas para o agravamento do quadro de dengue é uma doença pré-existente, como no caso de Maria de Lourdes.

Segundo os familiares, há dois dias, um funcionário da Vigilância Epidemilógica informou que o caso de Maria de Lourdes seria registrado como óbito decorrente da dengue. Mas a sorologia, pedida no hospital para comprovar a doença, ainda não foi entregue à família. Os parentes pedem esclarecimentos. ;A gente não esperava essa morte. Ela já passou por situações mil vezes piores com a doença que tinha;, afirma a filha, Cibeli Pires. Ela garante que teve os sintomas da doença, assim como seu irmão. ;Foi um golpe muito forte;, afirmou o viúvo, o também aposentado Joseli Pires Oliveira, 79 anos, sobre a morte de Maria de Lourdes.

Mitos e erros sobre o mosquito da dengue

1 Ar-condicionado e ventiladores matam o mosquito ; MENTIRA!
Estes aparelhos apenas espantam o mosquito, que poderá voltar em outro momento quando eles estiverem desligados.

2 Para matar os ovos do mosquito basta secar os reservatórios de água parada ; MENTIRA!
Não é apenas o simples ato de secar os reservatórios que irá impedir o mosquito de se reproduzir. É preciso limpar o local também, pois o ovo ainda pode ser manter ;vivo; por mais de um ano sem água.

3 Repelentes são fundamentais no combate à dengue ; MENTIRA!
Repelentes, velas de citronela ou andiroba, ao contrário do que muita gente pensa, têm efeito indeterminado e temporário.

4 As larvas do mosquito só se desenvolvem em água limpa ; MENTIRA!
Os ovos do mosquito também podem se desenvolver em água suja e parada. Hoje se discute até se as fêmeas do Aedes aegypti têm realmente a preferência pela água limpa. Então, para combater a dengue, o importante é acabar com qualquer reservatório de água parada, seja limpa ou suja.

Fonte: Ministério da Saúde